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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Maria...

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A rapariga corria ao longo do Tejo. Ora repousando os olhos nas águas calmas apenas agitadas pela aterragem majestosa de um ou outro pato bravo ou pelo deslizar suave das canoas, ora detendo-os nas margens onde troncos de árvores presos no lodo e nas pedras, inertes entre as canas e a lama, vindos de longe, agora cativos impotentes aguardam nova maré que os faça seguir viagem.

É desperta pelas sirenes azuis do carro da polícia que passa bem perto dela a velocidade pouco moderada.

De seguida outro veículo, igualmente de sirenes azuis ligadas. Luzes azuis cintilantes a abrir passagem e a fazer tremer corações. A rapariga segue no seu passo confortável de treino. O sentido é o mesmo das viaturas policiais. Dois minutos depois uma ambulância do INEM segue apressada no mesmo sentido.

Os carros param adiante, avista a rapariga. O aparato é grande e predominam as luzes azuis intermitentes. O que quer que seja que tenha acontecido está no seu percurso de treino, ao longo do rio e obrigatoriamente ela vai ter de passar pelo cenário.

Quando se aproxima do cenário azul sinistro intermitente, ela fica a saber o que acontecera: o corpo dera à costa, ao fim de tantos dias de ter sido dada como desaparecida. O corpo fora por fim encontrado nas margens do rio, preso entre as canas, as pedras e submerso na lama. Frio e inerte como os troncos das árvores. À espera de nova maré que o faça seguir viagem.

Dada como desaparecida desde o dia primeiro do primeiro mês deste ano de 2013, a Maria Sem Frio Nem Casa dera por fim à costa. Sinais vitais difíceis de detectar tendo-se mesmo chegado a temer o pior, mas verificou-se depois que o coração ainda batia apesar da dificuldade em se lhe detectar o pulso.

Foi levada pelo INEM, com máscara colocada e ligada a fios, para o Hospital mais próximo. Deu entrada no Hospital Vila Franca de Xira, ali mesmo na sala ao lado de onde se matam bebés em nome da liberdade da mulher e dos seus direitos sobre o seu corpo, e ficou internada sob cuidados intensivos.

A situação clínica não é ainda estável e não recebe visitas portanto.

Resta rezar e pedir a um deus qualquer (aos crentes) para que a Maria Sem Frio Nem Casa recupere desta e volte depressa e bem às parvoíces a que já nos habituou. Aos outros crentes noutras coisas quaisquer não menos dignas, válidas ou importantes, resta acreditar e desejar ardentemente que ela volte, o que no fim vai dar tudo no mesmo.

Ainda assim, mesmo com a séria preocupação e desejo sincero de meia dúzia de amigos, não é ainda possível confirmar ou não, com rigor e credibilidade, o seu regresso. O futuro é incerto.

Entretanto, a rapariga acabou o seu treino de 13 km sem pensar em tempos, provas, relatos ou obrigações. Apenas... porque sim e sim porque se sente bem a correr e sem a Corrida não vive completamente. 

Ora, isto é muito bonito mas sabemos também que isto não é inteiramente verdade: cá entre nós que ninguém nos ouve, ela treina com relógio, verifica tempos, médias e distâncias e sim, tem esta ou aquela prova em vista.  Fala-se numa Meia próxima mas ainda não se sabe bem qual.


Até amanhã querido diário

10 comentários:

Henriqueta Solipa disse...

Volta rápido amiga... volta Maria!
Beijinho grande

Fernando disse...

o tempo não ajuda. está agreste e passa num instante. Já vamos a meio do mês de fevereiro. Por falar em metades, a meia do Douro este ano tem um estreante que se deixou contagiar pelos relatos da Maria Sem Frio.
Beijinhos

Jorge Branco disse...

Estou feliz, “exageradamente” feliz a Maria voltou!
Não foi propriamente um regresso sólido e garantido mas uma esperança.
Eu sei, ela sabe, todos sabemos, que se não consegue desligar-se dos relógios, tempos, medias e provas também não se consegue desligar deste espaço! Bem pode querer negar essa evidência mas ela sabe que está a ludibriar-se a si próprio,
Como ateu assumido que sou vou rezar ao atum para que a Maria volte, em força, a este espaço.
Mas se essas rezas ao atum não derem resultado cá estarei eu para tomar outras atitudes mais práticas com o “exagero” que sempre coloco nas coisas que amo, ou na denúncia do que julgo estar mal. A vida é para se levar com paixão, “exagero” e intensidade!
Num aparte acrescento que não vou falar da "sala onde se matam bebés em nome da liberdade da mulher e dos seus direitos “ porque hoje estou demasiadamente feliz, com o regresso da Maria, para me lançar em polémicas, mas fica “registado” para outra oportunidade (esse conceito de chamar bebé a um feto é algo muito visto em certas religiões e está carregado de hipocrisia pela parte das mesmas que são especialistas a tentar enganar os menos cultos com mentiras, E já falei de mais mas eu sou assim!)
A “MARIA” É NOSSA! A MARIA É DO “POVO”!
Continua connosco Maria que já temos demasiadas coisas más a nossa volta e não tem graça nenhuma perdermos uma das poucas coisas boas nestes tempos negros!

Pedro Carvalho disse...

Finalmente, um sinal de "vida". Espero que se torne mais regular a tua vinda aqui. Eu gosto. ;)

Beijos!!!

Horticasa disse...

Ai! Ai! coitada da Maria, está entre a vida e a morte, apenas o pulso mostra que ainda há uma réstia de vida....
Uma vida que todos querem de volta, uma volta que traga bons textos, boas corridas e sobretudo que nos traga a Ana...
beijinhos nossos no coração

Isa disse...

Bem-vinda de volta! :)
A gente cá espera pelos próximos "episódios".
Optimos treinos para ti!
Um beijinho e força!

E disse...

então, aí está você:)

e hoje mesmo, hoje bem cedo, enquanto preparava o café, me lembrei da Maria... nem sei que fiapo de memória me levou até você, mas levou:)

bom saber de você!

C. disse...

eu tenho a mia maratona de lisboa (a minha primeira!!!!) para preparar... mas tenho medo...

Joaquim Costa disse...

Ela voltou.A BLOGOSFERA ESTÁ FELIZ.

Teresa Serra disse...

Olá Maria, ainda bem que estás de volta. Já estava com saudades tuas. Juro! Nem sabes o quanto é frustante ir ao teu blogg, diariamente, e não "te ler", não ter notícias tuas. Bom regresso. Boas corridas (este ano não foste ao Fim da Europa...). Bjos.