No sector feminino, venceu a prova a atleta queniana Alice Jepkemboi Kimutai, com 2h29m58s
Destaco o 1º Português, José Sousa, do C.D.S.Salvador do Campo, em 6º lugar, com 2h18m.34s e a Vanessa Carvalho, 1ª Portuguesa e 2ª da geral feminina, com 2h35m24s.
Mas tudo isso se sabe com um pingo de interesse e com toda a facilidade.
Estar lá, Correr, viver e sentir o pulsar da Maratona do Porto, é que é outra coisa, completamente diferente. Privilégio de quem se desafiou e esteve presente. E eu, fui um dos milhares que disse "Presente" e se desafiou a Correr, no meu caso, a Family Race, Corrida dos Ossos Saudáveis, que decorre em simultâneo com a Maratona, na distância de 10 Km. E quem conta alguma coisa do que foi e do que é a Maratona do Porto, são esses milhares, que se amontoaram na partida, ombro a ombro, de roupa colorida, entre olhares cúmplices e nervosos alguns, mas todos com um brilho especial, sob uma chuvinha miúda que depressa se dissipou, saltitando no lugar para manter o corpo quente, são esses que se arrepiaram e sentiram um nó na garganta nos minutos que antecederam a partida, que palmilharam as ruas do Porto e Matosinhos, que suaram na estrada, que ouviram palmas e a animação da prova, que descansaram o olhar no Douro enquanto o corpo trabalhava, os que duvidaram de si e os que estiveram sempre seguros. Os que viveram mil emoções durante o percurso e cortaram a meta com um sabor de vitória que os faz chorar de alegria, vitória essa de mil batalhas travadas na maior parte dos casos e que vai muito além das medalhas e dos tempos registados pelo cronómetro. São esses que contam de facto como foi a 18ª Maratona do Porto. Com o risco da parcialidade e subjectiviade, é verdade, mas também com a autenticidade de quem é genuíno e mostra ao mundo a sua vivência no evento, que para além de sonhada, foi tornada real.
A minha Corrida
Tenho meia dúzia de Maratonas corridas. A prova rainha. Tem tanto de doçura como de crueldade. Ela é apenas justa para connosco. Sem piedade se a substimamos, mas de abraço materno reconfortante a orgulhar-se de nós se a respeitamos.É mágica, muito apelativa e fascina-me por completo. Corri a última em 2016, em Sevilha. Depois disso, são circunstàncias várias da vida e uma lista de lesões e outras chatices que nunca mais me deixaram embarcar noutra. No entanto, o sonho mantem-se. Assim, desde essa altura, quando participo em provas, opto sempre por versões pequeninas das provas ou mesmo só e apenas por Caminhadas. Parar é que não.
Confesso que tenho uma ligação muito especial com a Maratona do Porto. Soube dela antes dela nascer e conheci-a na sua 2ª edição. Apaixonada pela Maratona e pela cidade, desde então tenho sempre marcado presença, e já lá estive nos vários moldes: como participante da Maratona, da Family Race e da Caminhada e até mesmo só como acompanhante de outros que foram correr, e ainda também como coordenadora de autocarros a sairem de Lisboa, que a Runporto disponibilizou durante várias edições para participantes na prova e seus familiares.
Este ano, não seria diferente e lutando contra várias contrariedades, não impeditivas de Correr, lá me armei em guerreira brava e desafiei-me para fazer a Family Race. Prova que em boa hora passou para 10 Km (anteriormente era de 14 - 15 Km).
Três ou quatro treinos umas semanas antes, só para ver se ainda sabia correr, seguidos de dias a recuperar das mazelas, e véspera da prova, lá me organizei para levar a família comigo pois de outra forma não seria possível.
O Porto já me viu muito feliz, em circunstâncias muito variadas e desta vez seria com a família completa. Só faltou a Lucy que, com o coração apertadinho, tivemos de a deixar aos cuidados de terceiros.
Dizem que não devemos voltar aos lugares onde já fomos felizes para não estragar memórias, mas eu prefiro voltar sim, e criar novas memórias, de preferência felizes também.
O dia está de Sol bonito e vamos directos à Alfândega do Porto onde está a Feira da Maratona, para levantar dorsais. Não consegui estacionamento muito perto, o que me obrigou a deixar os meus pais num banco de jardim (pois a dificuldade de mobilidade da minha mãe assim obriga) e ir "a correr" levantar o dorsal, pois ainda tinha de ir a Santa Maria da Feira buscar a filhota e voltar ao Porto, para que a família ficasse, dessa forma, completa.
A feira estava muito composta e muito bem organizada. Vários stands, e excelente organização no levantamento dos dorsais e saco do atleta. Levantei o meu e do meu amigo António Pereira que só chegaria à noite. Pena não poder estar lá mais tempo para ver tudo aquilo com mais atenção: produtos desportivos e outras Maratonas pelo mundo a fazer-me sonhar. Sonhar sempre! Pasta Party, que este ano dispensei. Reencontro alguns amigos e a alegria é genuína. Podemos estar um ano sem nos falarmos, mas a alegria é genuína nestes reencontros, por breves que sejam.
Ficamos no Hotel oficial da Maratona, o Crown Plaza Porto onde ficamos muito bem instalados. Excepção feita ao pequeno almoço servido aos atletas a partir das 5:30hrs da manhã, que claramente era muito fraco na diversidade, além de faltar os ovos mexidos, os iogurtes, os cereais, as torradas, os ovos quentes e a fruta. Felizmente, o pequeno almoço servido mais tarde, para a família e as pessoas "normais" voltou ao padrão habitual do hotel. Novo reencontro com outros amigos no átrio do hotel. Fotos da praxe e autocarro para o local da partida, este ano dada às 8:00hrs.
Uma chuva miúda e um céu cinzento mas perto da hora da partida, a chuva parou e as condições ficaram excelentes para a Corrida.
Novos reencontros de velhos amigos. Partida bem organizada. Marcadores de passos para a Maratona. Muita animação. A emoção está ao rubro, mesmo lá atrás no sector C, da partida dos 10 Km, para quem previa fazer mais de 60 minutos e onde eu me encontrava.
A partida é dada e estou a Correr. A correr novamente, penso. Só quem vem de lesões e/ou já se viu impossibilitado de Correr ou corre com limitações, pode entender a alegria, quase infantil que senti. Ritmo calmo, calmíssimo, aquele que me permitiria fazer a prova toda em passo de Corrida, esse era o objectivo que acabei por conseguir, sem grandes quebras, dores ou sofrimento. Os 10 Km foram sempre junto ao rio, ida e volta, um abastecimnto de água, e a animação é uma constante. Pena não corrermos um pouco com os participantes da Maratona, mas esses, começaram logo a subir a Av. Boavista e só os seguimos por escassos metros, pois o percurso separou-nos logo. A nossa prova foi curtinha, é a sensação que tenho. Quero mais, mas já estou a ir para a meta. Bom sinal, sentir isso, penso. É sinal que estou "bem". A animação é imensa e somos muito apoiados, quer pelo público quer pelos elementos da organização, e com isso somos ajudados a subir para a Meta. Corto a meta, páro o cronometro. Medalha ao peito e um saquinho com produtos de patrocinadores: leite, refrigerantes, bolachas e bananas.
Não é preciso mais nada. Adoraria ficar por ali e ver os Maratonistas chegar. Ver os meus amigos chegar, mas no hotel a família aguarda-me e não me posso dar ao luxo de gastar muito mais tempo só para meu belo prazer. Faço uma caminhada até ao Hotel, atravessando o belíssimo Parque da Cidade e reuno-me com os meus. Almoço, voltinha rápida e curta pela cidade e é tempo de regressar a Lisboa para chegar a tempo de ir buscar a Lucy.
Corri. Corri muito (em vários sentidos da palavra). Revi amigos. Convivi um pouquinho com eles (o que foi possível). Fui bem tratada. Acarinhada. Tudo bem organizado.O corpo aguentou. Hoje queixa-se mas isto passa. Estou cansada, mas não muito. E valeu tanto o esforço. Estar com os meus, dar-lhes esta vivência, enche-me de uma satisfação imensurável.Tudo isto é Vida. Tudo isto é Porto. Tudo isto e muito mais é a Maratona do Porto.
Tenha eu saúde e vida, e próximo ano, dia 5 de Novembro de 2023 lá estarei de novo. Sem grandes promessas (ai como eu gostaria de dizer que para o ano seria de novo na Partida da Maratona), pois estas, as promessas só devem ser feitas quando temos intenção e mais que intenção, condições para as cumprir, e com sinceridade, neste momento, não sei se terei.
A prova tinha ainda uma Caminhada de cerca de 6 Km, a Fun Race, dando a possibilidade de participação a todos.
Por tudo isto e muito mais, está pois a Runporto de parabéns pela 18ª edição da Maratona do Porto, com o amigo Jorge Teixeira na frente deste barco, director da prova, a quem tenho o prazer de poder chamar de amigo.
Até para o ano, Maratona do Porto
Ana Pereira
Fui o 1529º (milésimo quingentésimo vigésimo nono) atleta a chegar à meta de um total de 1899, de acordo com os resultados provisórios da Family Race (10 Km)
A Maratona teve, também de acordo com os resultados provisórios, 2874 atletas a cortar a meta.
Classificações podem ser consultadas aqui
FOTOS DA MARATONA DO PORTO:
3 comentários:
Muitos parabéns Ana. Importante é participar e não deixar de viver o bichinho da corrida ... a Maratona do Porto e tudo que envolve é uma festa à qual só falto se não puder mesmo ... é assim desde 2011 ...
Beijinhos e bons km
Mais uma vez parabéns .
para o ano lá estaremos amiga ..
vamos acreditar.
Parabéns Ana, mais uma vês lá fostes correr.
beijinho
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