Está escuro. Pinga lá fora. Espera! Chove torrencialmente por alguns minutos. Não está frio. Está até uma temperatura amena. E quando a chuva pára, há uma tranquilidade e serenidade contagiante, a infiltrar-se em nós, invadindo-nos e ocupando o espaço antes ocupado por intrusos pensamentos e emoções. Como se a estrada, os caminhos de terra, as árvores, os arbustos, as pedras, tudo, incluindo o próprio céu e até nós, as pessoas, tivesse sido lavado. Purificado. Por fora e por dentro. Como um baptismo repetido mas sempre aquela sensação como se fosse a primeira vez. E é. A fazer valer a velha frase que hoje é o primeiro dia do resto da nossa vida. E é. É esta a sensação de correr à chuva monte acima e monte abaixo às cinco e meia da manhã.
Amanhece e a escuridão dá lugar ao nevoeiro. Os corpos fumegam sob a luz dos frontais. Árvores fantasmagóricas e uma coruja entre elas. Os sustos. As risadas. A lama. Os "salto-alto" e os corpos a bombalear-se para tentar manter o equilíbrio enquanto avançam. As mãos no chão. Os pequenos golpes nas mãos do lixo das obras que outros seres ali despojam como se milagrosamente pudesse desaparecer. Os ténis novos e as bolhas. A Natureza e o respeito de uns e o desrespeito de outros. O trilho fechado por teias de aranha. O trilho perdido e achado num ápice. Este acordar no Monte...tão bom...
E assim se passou 1h15m e se percorreu cerca de 9 Km. Tão bom...
1 comentário:
Tão poético, tão belo, tão magico, tão doce!
É por textos destes que a Maria Sem Frio Nem Casa é o melhor blogue no que concerne a qualidade literária de toda a blogosfera corredor!
Simplesmente lindo.
Vai ter destaque nos Aplausos Para lá no UK!
Beijinhos.
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