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terça-feira, 13 de junho de 2006

3ª feira, 13 de Junho de 2006

Sentados no café diante de uma chávena agora vazia, escrevendo nele eu, e o meu caderno de capa negra à minha mercê. Meio cheio, meio vazio, à espera o meu caderno de capa negra.

Não tão negra como os corvos que esvoaçavam à nossa frente no treino de hoje. Por trás das árvores eles saíam e descarados e negros como os melros cruzavam o nosso caminho grasnando.

Por duas vezes passamos por um coelho. Não podemos garantir que fosse o mesmo coelho. Apenas estava na mesma área do primeiro que vimos, e reagiu da mesma forma em ambas as vezes. A menos de dois metros e de costas para o trilho onde seguíamos, voltou a cabeça à nossa passagem, viu-nos com os seus olhos negros, mexeu as narinas e deu dois saltinhos para a frente sem nunca nos perder de vista.

Quando ali voltamos a passar, a cena repetiu-se e eu trouxe comigo o seu olhar negro, vigilante e atento, mas sem medo! Corajoso coelhinho!

Há pinhas e caruma dos pinheiros caído pelo chão. O sol escondido realça ainda mais o cheiro dos pinheiros que nos acompanhou ao longo dos 45 minutos de treino. Pequenos desníveis dão-nos um treino vivo e a terra batida amortece-nos o impacto do nosso corpo pesado em cada passada que damos.

Obrigada Santo António por permitires estes prazeres aos Lisboetas num dia de semana.

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- O quê?! A Maratona em Outubro em menos de 4 horas?! Você?!
- Sim, eu!
- Desculpe-me menina, mas…você não tem corpo de atleta…desculpe mas vou dizer-lhe isto…é um elogio e uma crítica…desculpe-me desde já…mas você está…redonda! Quer dizer…como mulher está muito bem, não me leve a mal, mas como atleta… A Maratona em menos de 4 horas daqui a 4 meses?! Mas nem pense nisso! Não se meta nisso!
- Quer apostar?! E olhe, esta mulher redonda à sua frente vai continuar Mulher mas menos redonda e atleta o suficiente para em Outubro fazer a Maratona em menos de 4 horas! Quer apostar?!

Não, ele não quis apostar. E ainda bem, pois ainda ia ter pagar a aposta… porque se é um facto conforme os meus amigos comentaram na altura, ele não me conhece, não sabe do que eu sou capaz quando quero e acredito que vale a pena, e nessas circunstâncias eu consigo o que seria pouco provável, também é um facto que as circunstâncias de momento não são bem essas.

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