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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Os Treinos no Monte, A Rapariga, Homens e Ratos

Estavam todos debruçados sobre ele. Incidiam a luz forte dos frontais no solo formando um pequeno círculo. Meio dobrados, mãos nos joelhos, observavam algo em silêncio. Ela, que vinha cá mais atrás, ao vê-los assim, adivinhou que haveria algo interessante para observar. Um rato! Alguém exclama. Ai um rato não. Grita alguém assustada. Oh…um ratinho do campo. Exclama ela. Primeiro o animal andava também numa espécie de círculos, ofuscado pelas luzes, assustado, esquivo, nervoso. Afinal, quem não tem medo do desconhecido? De situações novas e novos desafios? Depois aconchegou-se encostado a uma pedra e deixou-se ficar assim por instantes, julgando-se seguro pois a sua pelagem confundia-se com a própria pedra, sobressaindo apenas os seus olhinhos redondos brilhantes num piscar contínuo, fixando ora um rosto ora outro, em movimentos oculares rápidos e nervosos. E assim ficou, quietinho, apenas mexendo os pequenos olhinhos. Depois, com todo o respeito merecido e com a suavidade da seda alguém o tocou com a ponta de uma erva, e o ratinho, agora sem medo, com toda a coragem do mundo, ergueu-se e subiu a pedra num passinho rápido mostrando o seu corpo, a caudinha perfeita e bela, e por um instante, corajoso, parou, virou-se para ela, assumindo-se, mostrando-se como um livro aberto, sem medo de ser ele próprio, com as suas forças e fraquezas,  e enfrentando-a a ela assim como a todos os outros, olhou-a pela última vez, piscou-lhe o olho, e seguiu com a coragem de um Homem.

Eles, levantaram-se todos, alguns já tinham mesmo seguido, desinteressados de lições esquecidas, e retomaram o treino.

É assim treinar no Monte às cinco e meia da manhã, entre homens e ratos.



E foi assim hoje. Quatro gaiatas e seis gaiatos enfrentaram a noite especialmente escura e foram não para o Monte mas para a Mata. Do Paraíso esta, e entre trilhos e rampas, a conversar muito e a recordar quedas aparatosas de que hoje se riem, foi um treino muito animado e agradável! Percorreram 9,5  Km e demoraram  1h13m. No final, reuniram-se todos no Jardim da Flamenga e tomaram chá quente acompanhado de bolachas. São assim os treinos no Monte. Vens para o próximo?

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Treinar no Monte (Serves) às 5:30 hrs da manhã é assim:



Treinar no Monte às 5:30 hrs da manhã é assim:

Partem noite cerrada , como acontece de há largas semanas para cá. Três rapazes e duas raparigas, hoje. A volta vai ser "aquela", e estamos por conta do Nuno. Ele adora esta volta. Nós também, mas não precisamos ir a puxar tanto, pensa ela, quase sem fôlego e com pouca força nas pernas. Pensa até mandá-los embora que ela o melhor era seguir sozinha porque ia mais lenta e não se ia perder! Claro que ia...Mas havia de se reencontrar por certo!  Ou então dar o treino por concluído e voltar para trás, era outra hipótese. Fica calada e corre como pode, ofegante. Claro que ninguém é deixado para trás mas hoje, fosse do ritmo ou dela, a coisa não esteve fácil para esta rapariga. Cala-te e segue. Pensa. E caminha. E corre. E caminha e corre. Valem-lhes os companheiros que a rebocam e conversam com ela, ao que ela mal consegue responder... E depois, depois quando o terreno já não sobe, já vai mais confortável e dá graças por não ter voltado para trás e abortado o treino. Já vai bem agora. Corre com eles e com ela própria. Já vai bem agora!

Há um sapo no caminho. Quase o pisa. Num reflexo rápido alarga a passada para o evitar pisar e aterra o pé direito poucos centímetros à frente do batráquio. Olha um sapinho! Um sapinho! Quase grita com tamanha alegria! Tem consciência da infantilidade da sua reacção e do que esta possa dizer dela aos outros, mas isso não lhe importa mesmo nada. Importa-lhe sim o que lhe diz o coração e sente genuinamente. Pára e volta-se, baixa-se para o pequeno animal, sensivelmente do tamanho do seu punho fechado, e nesses instantes delicia-se com a imagem. Um sapinho lindo que a fixa atentamente e pestaneja os seus olhinhos redondos, vivos e muito brilhantes. Absolutamente lindo! Ela sabe que a luz do frontal dela o encandeia e ele não deve estar a ver nada, mas gosta de pensar que existe um elo de comunicação e uma mensagem forte e de facto há pois tem a certeza que nesse instante o pequeno sapinho sorri, tocando-lhe a alma e ela até parece que o vê respirar e sente naquele instante a vida a palpitar na sua mais pura essência. Tem o dia ganho. Levanta-se e segue juntando-se ao grupo para continuar o treino. Definitivamente mais rica!

Correu e caminhou 1h27m e percorreu 11,560 Km



sábado, 12 de dezembro de 2015

O Monte, o Sol e o Treino







Guarda na retina este Sol. 

Céu em tons laranja a irradiar da estrela, laranja forte, primeiro só a espreitar sobre o Tejo, a emergir dele como se dele nascesse, em forma de meia lua. 

Depois já alta no céu, reflectida nas águas, círculo perfeito, pincelado pelas nuvens que parecem atravessar-se-lhe à frente numa linha contínua, dividindo-a em duas. 

Guarda! 

Guarda na retina este Sol, este dia que nasce, este céu apaziguador e estas águas serenas. Guarda na alma, lavra no coração este momento. Não se repete. São dádivas do Monte. Guarda-as e preserva-as. Lembra-te delas quando escurecer, e volta, volta sempre que o Monte sempre te há-de abraçar.

A rapariga percorreu uma distância de 10,730 Km e demorou-se no percurso 1h16m

Palrou, palrou e palrou. Que bem lhe soube conversar! Um magnífico treino e um melhor começar de dia em boa companhia. Porque sozinhos somos muito pobres.

Até amanhã querido diário

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Reflexões e acções



É verdade que, independentemente do que nos rodeia, temos tudo dentro de nós: força, coragem, medos, fantasmas, capacidades e limitações, armadilhas e rasteiras que nós próprios criamos, cobardia, comodismo, desespero e a própria morte, sempre ali sentada bem perto de nós,  a tocar-nos na anca, a oferecer-nos colo e a sorrir-nos à espera, de mão estendida, assim como do outro lado temos a vida com o mais belo e resplandecente sorriso a estender-nos igualmente a mão para nos abraçar. 

E se também é verdade que independentemente do que nos rodeia, a nossa vida é o que alimentamos dentro de nós, e consequentemente se espelha pelo que nos rodeia, também é verdade que o que nos rodeia nos pode influenciar,  pouco ou nada ou tanto que condiciona e altera o nosso eu. Da mesma forma, todos os nossos actos, do mais simples bom dia ao desconhecido na rua até aos actos supostamente bem mais significativos, nós estamos a influenciar o outro e eventualmente a alterá-lo e a levá-lo por um novo caminho. Simplesmente porque sozinhos somos muito pouco ou mesmo nada.


A propósito disto, ou não, hoje, feriado, levantei-me às 6 da manhã e fui correr. Mas não sozinha. “Levaram-me” e eu agradeço com a importância que se calhar nem se apercebem e ainda bem que assim é. Uma volta fantástica pelo “meu” Monte a durar 2h03m num percurso de 15,140 Km. A deixar-me viva por e para mais um dia! Obrigada rapazes!




sábado, 28 de novembro de 2015

A caminho de Sevilha, com Portalegre, Sintra e outras pelo caminho...

Depois de ter atingido uma forma como há muito, muito tempo não tinha, e ter feito aquela marca fantástica na Meia das Lampas, a 12 de Setembro (1h37m), por motivos vários, deixei-me cair. 
Continuei a treinar, fiz a Maratona do Porto, mas a forma das Lampas onde está?

8 quilos a mais (sim, em 2 meses!), motivação a roçar as ruas da amargura e vai-se lá saber porque o ser humano é tão humano e eis que a rapariga se encontra a 12 semanas da Maratona de Sevilha onde quer fazer a sua 7ª Maratona e tem muito trabalho pela frente.

Para além disso, tem as pernas em muito mau estado. Não está propriamente lesionada, recusa-se a aceitar o facto, mas continuam a doer-lhe imenso os tornozelos, os joelhos, tendões de aquiles, gémeos e outros músculos e tendões de que desconhece o nome e se encontram todos nos membros inferiores. 

Claro que foi a carga para a Maratona, com Trilhos pelo meio, e claro, depois a recuperação não se fez. Oito dias depois da Maratona foi fazer os quase 27 km no Trail da Arruda e nunca o deveria ter feito. Ou antes, foi muito feliz etc e tal, mas as pernas, as pernas meus amigos, chiam como leitões na matança! E assim continuam. Com mais ou menos paragens, mas as dores continuam lá! E nem sabemos muito bem o que fazer para as eliminar. 

Entretanto, ontem foi correr no VII Treino Nocturno das Lampas e correu feliz, apesar das dores, 21,050 Km em 2h07m, só mais meia hora do que fez há 2 meses, e não pensem que foi porque quis. Não fez ontem mais rápido simplesmente porque não conseguiu! 

Voltaremos ao tema, porque a organização da Meia Maratona das Lampas, organizadora deste treino assim o merece. Mas por agora fica apenas esta imagem de 3 amigos felizes depois de correremm uma "Meia Maratona" numa noite ventosa.

domingo, 22 de novembro de 2015

XII Maratona do Porto - 8 de Novembro de 2015

Só para que fique registado e amanhã possa recordar com mais facilidade para além da memória, pois por agora não há tempo nem motivação para dissecar a experiência, como seria merecido: 

Corria-a em 3h57m37s  (a minha 2ª melhor marca na distância)