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terça-feira, 28 de abril de 2009
E os treinos pá?! (II) - Amizade
- Oh pá…eu… pelo tempo há que não corro, acho que já não sei correr… – Confidenciou-lhe ele num raro lamento, suave e terno como só ele às vezes sabia entoar e embalar as palavras que proferia. Quase doçura numa boca bem desenhada e perfeitamente enquadrada num rosto másculo e viril.
- Ora! Correr é como andar de bicicleta! Uma vez sabendo, sabe-se sempre! – Retorquiu ela – E quem gosta… gosta sempre!
- Pois, tens razão… é como fazer amor… ehehehehhe... depois de começar… – Ripostou ele sem acabar a frase, na sua já habitual voluptuosa e pretendida inocente malícia.
- Olha! Já isso, eu é que não sei, se ainda sei… - as palavras saíram-lhe espontâneas, com naturalidade e facilidade, soltas como ela estava com ele desde há anos, pouco depois de se conheceram, seguidas por umas boas gargalhadas, partilhadas entre os dois.
- Oh rapariga! Tu não digas isso! – Apressou-se ele a emendar, como se hipoteticamente pudesse contribuir para modificar o modo de pensar dela no que ao que acabara de dizer, dizia respeito.
Riram, deram um golo no vinho tinto que descansava nos copos e ficaram a conversar noite dentro. Ainda não foi hoje que nenhum dos dois voltou a treinar. Nem juntos, nem separados.
E os treinos pá?! – agora quem pergunta, sou eu! E quem me responde? Alguém me responde?
segunda-feira, 27 de abril de 2009
E os treinos, pá!?
Não fosse O Setubalense e talvez nada ou muito pouco se encontraria acerca da mesma… pelo menos no que à Internet diz respeito.
E os treinos pá?! E os treinos pá?!
E as promessas? As promessas feitas de flores e escritas no céu, onde estão? Acaso desfolhou-as o vento e as pétalas voaram e se espalharam pela terra? Ou caíram graciosas num ninho de aves?
Onde estão os beijos e a promessa de não parar? Não agora nem desta feita? Onde estão?
Bem… os beijos não sei onde estão, mas a promessa, meus amigos, a promessa está aí:
Despertador às 5:00hrs da manhã e é ainda é de noite quando saio para a rua para correr.
Quando regresso passou 1 hora. 1 hora de corrida e já o dia nasceu. Enquanto eu corria.
E depois? Que tem isso de especial?
"afinal, no fim do treino, por mais que custe a começar, ou a continuar, há uma recompensa à espera. e está dentro de cada um de nós, agradecida por se poder dar."
António Bento, in A Febre do Tartaruga
Até amanhã querido diário
sábado, 25 de abril de 2009
25 de Abril - 1974 - 2009
"As Portas que Abril abriu"
José Carlos Ary dos Santos
Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.
Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.
Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.
Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.
Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.
Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação
uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.
Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
– pode nascer um país
do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!
Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.
Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.
E então por vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados «páras»
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.
E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.
Em idas vindas esperas
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.
Dizia soldado amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.
Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.
Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril f
ez Portugal renascer.
E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.
Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.
Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.
Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.
Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.
Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.
Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.
E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.
Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.
E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.
A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.
Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.
E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.
Entanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios boatos murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.
Foi então se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.
E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.
Ali ficámos de pé
juntos soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.
Ali dissemos não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.
Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.
Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.
Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
— cumpriu-se a revolução.
Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.
Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.
E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.
Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.
E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.
Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.
Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.
Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta tanta gente
que todos ficaram vivos.
Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.
Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.
Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo
nos poemas de Camões!
Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.
Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.
Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer.
Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser
pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.
No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!
É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.
Quem a fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.
Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!
Lisboa, Julho-Agosto de 1975
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Uma mulher... uma história
A recente separação, num grito de coragem há muito abafado, de um casamento de mais de doze anos, mantido pela fachada e por interesses, quer sociais quer de outra índole, a dura realidade de uma hipotética e utópica independência, agora constatada com um emprego precário e uma filha pequena a seu cargo que ainda chora pelo pai, agora tão ausente como antes, podem ser causas tão ou mais plausíveis como as anteriores.
As contas por pagar, a comida para pôr na mesa, as guerras dentro e fora do tribunal, pelo poder paternal onde se esquece o paternal e busca apenas o poder, o maior poder de aniquilar e magoar o outro, esquecendo por completo o mais importante, as noites mal dormidas revendo problemas e projectando soluções na maior parte dos casos impraticáveis, também em conversas inúteis até quase de madrugada, com um amante casado, enchendo-a simultaneamente de esperança e de dor, e a dúvida acerca da sua própria capacidade de levar esta jornada escolhida para a frente: criar a filha sozinha, levaram-na a um estado de desgaste tal que se poderá facilmente compreender o descuido, se é que o houve.
Acordou a meio da noite, desorientada, no sofá da sala, com a filha aos gritos, um intenso cheiro a queimado e uma luz alaranjada crepitante e oscilante desenhando sombras gigantescas e assustadoras na parede do corredor, vinda da cozinha, e labaredas altas que consumiam já a cozinha inteira.
Foram chamados os bombeiros, a polícia e não há quaisquer danos físicos e visíveis em nenhuma das duas ou sequer da vizinhança que acudiu solidariamente não sem disfarçar uma censura muda transmitida em olhares acutilantes que a ferem como lâminas e espadas espetadas fundo no seu peito. Não tanto como umas outras que lhe trespassam não o corpo mas sim a alma e que se chamam culpa. Questiona tudo agora. A sua sanidade, a sua capacidade de tomar conta de si própria e da filha, o seu direito de egoisticamente ter acabado com um casamento que a fazia infeliz, quando sujeita a filha a privações e até a perigos graves como se está a ver.
Neste momento não se apercebe da mulher forte que é. Nem consegue conceber que o que aconteceu foi um acidente. Que a filha está bem, assim como sempre esteve nos seus dez anos de vida, e que isso se deve essencialmente a ela, sua mãe, que tantas vezes prescindiu da sua própria vida em prol da filha, e que agora, pensar nela própria e que lhe parece egoísmo, não é mais que pensar também na filha. Ela tem direito à felicidade. E lutar por ela… ninguém disse que ia ser fácil. Isso ela já sabe hoje, mas tem ainda muito mais a aprender. A levantar a cabeça e avançar.
Quem me dera poder ajudá-la… E talvez possa sim….
domingo, 19 de abril de 2009
XXI Grande Prémio Moinho de Maré
E assim, neste dia 19 de Abril de 2009, o Miratejo recebeu cerca de 115 atletas que participaram no Grande Prémio Moinho de Maré, que se realizou pela 21ª vez num bairro à beira de um braço de rio, plantado.
Prova integrada no XXII Troféu de Atletismo do Seixal e organizada pelo Clube Recreativo e Desportivo de Miratejo, com o apoio da Câmara Municipal do Seixal e Juntas de Freguesia do Concelho, com inscrições gratuitas, na distância aproximada de 6.400 metros, num percurso em estrada, suficientemente marcado e seguro no que ao condicionamento do trânsito diz respeito, desnivelado, de duas voltas, partida e chegada junto à sede do Clube, transformou uma manhã vulgar numa festa do atletismo para todos.
Controlo por fitas, abastecimentos de água, apesar da curta distância, e água e uma peça de fruta para todos, no final.
Classificações rapidamente disponibilizadas no local, e entrega de prémios por escalões e por equipas em pódio merecido e honroso onde se distribuíram medalhas e taças aos vencedores, anunciados por um “speaker” à altura de provas de outro gabarito e recursos.
Saliente-se também o trabalho de voluntários, nomeadamente o dos Escuteiros, para além de todos os envolvidos, que em conjunto puseram de pé mais esta edição da prova e estão por isso de sinceros parabéns.
Ana Pereira
19 de Abril de 2009
A prova dela:
“Corre nas asas do vento”
As palavras ecoavam-lhe na alma, dando-lhe alento e força. O vento, sob um sol morno, não passava hoje de uma brisa doce, macia e suave como as mãos dele, a acariciar-lhe o rosto à medida que ela avançava na corrida.
Partiu de trás, e foi avançando. Conforme pôde, pois uma semana parada não lhe permitiria jamais qualquer ambição para além de chegar ao fim. Sentiu-se bem. Correu nas asas dele, e chegou ao fim com 33m16s, o que equivalerá à distância aproximada de 6,400 Km.
Agora, o tempo é de não parar… como a promessa feita há dias. Os rascunhos se delinearão e ganharão formas, pois exactamente daqui a três semanas, dia 10 de Maio de 2009, ela estará na Meia Maratona de Setúbal, e uma Meia não se coaduna nem compadece com 6 dias por semana parados…
Até amanhã querido diário
sábado, 18 de abril de 2009
Não parar...
A semana inteira parada, a comida usada como barro a tentar colmatar buracos escavados fundo em parte incerta entre o corpo e a alma, pela acutilante ansiedade, e o peso a aumentar como resultado óbvio, exigem acções. “Não parar” tem de significar e ser, bastante mais que duas palavras juntas.
Assim, hoje, a pele em contacto com a água purificadora que me acaricia, massajando e beijando, numa carícia mútua, de comunhão que me torna nela, e ela em mim, em perfeita harmonia, foi o exercício físico escolhido, e durante 60 minutos nadei. Nadei sem parar, costas, bruços, crowl, à vontade do corpo e da cabeça, apenas com o ritmo cortado pela lentidão das voltas nos extremos da piscina, por ausência de qualquer técnica.
Amanhã há corrida, e a promessa se mantém. Não parar. Alinharei no
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Rascunho de beijo...
Seria uma pena de facto, agora que parecia que a rapariga ia de novo entrar nos eixos, ajustando-se e criando a sua própria engrenagem que põe em funcionamento uma maquinaria complicada, enferrujada e adormecida, e absolutamente improvisada e reinventada agora, desperta por ele, engrenagem essa que a impulsiona para a frente em quaisquer circunstâncias, mas há por vezes um deslizar suave dos lençóis que a cobrem nas noites frias e que lhe expõe o corpo e a alma, mais esta que aquele, pondo-a a nu, desprotegida e frágil, vulnerável e debilitada, susceptível e fraca.
Assim, uma derrapagem momentânea poderá facilmente ser interpretada como paragem, deslize, fraqueza, incerteza, desinteresse, medo e/ou desistência.
Assim estão os treinos e a forma física. Assim como o beijo que ela lhe deu… a medo, sequioso mas tímido, pedindo tudo e dando tudo, mas no entanto incapaz de expressar o que grita, muda, a alma, num sufoco agonizante, ardendo de desejo e da angústia da ausência. Assim, o rosto dela deslizou sobre o dele, para lasciva, natural e inocentemente, deixar os lábios dela tocarem os dele, num doce e suave rascunho de beijo, espontâneo, não planeado, previsto ou intencional, como desenho em papel branco imaculado, mal definido, com contornos vagos a traços suaves de carvão, no entanto um beijo sem dúvida alguma, apesar de não passar de um rascunho. Assim estão os treinos e as corridas e outros exercícios. Não passam de rascunhos à espera de definição numa sebenta de capa preta. Assim está o beijo deles, em rascunho a aguardar forma.
“Não pares agora…”
Sob o olhar penetrante dele, ela rendeu-se desarmada… e prometeu que não iria parar.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
3 Anos
Tão sossegado que até me esqueci do seu 3º aniversário, assinalado no passado dia 14 de Abril.
A todos, que de uma forma ou de outra ajudaram a transformar o blogue no que ele é hoje, os meus agradecimentos.
Até já… queria dizer que vou ali ver se treino e já volto, mas não, não tenho corrido nem vou correr agora… vou ali… fazer outra coisa qualquer … mas volto, lá isso volto, garanto.
domingo, 12 de abril de 2009
22º Grande Prémio de Páscoa... palavras...
Parecia tarefa fácil e nada complicada para ela, pois ela fazia-o com agilidade, quase semanalmente, e de uma forma geral as palavras saíam-lhe com uma fluidez natural.
No entanto aquela corrida fora diferente de todas as demais, e dificilmente outra se igualará para ela na singularidade, significado e emoções sentidas.
“Margaret, hoje corro por ti” – era a inscrição que se lia nas costas da camisola que ela orgulhosamente envergava com muito brio. Margaret, uma menina que ela não conhecera e que só beijara já o seu corpo arrefecera e jazia inerte, ali mesmo na igreja de Constância.
O amor da mãe, Ana Paula Pinto, e a vontade de a manter “viva” com o que pudermos e se soubermos ter a capacidade de aprender dela, da sua curta mas rica história de vida, cheia de luta e de amor, muito mais fortes que a dor, levaram a esta homenagem na terra que é dela e onde hoje descansa.
A corrida decorreu de forma natural, sem lamechices ou mágoas. Apenas amor, disfarçado em frases banais e corriqueiras entre amigos que escoltavam dedicadamente a Ana Paula Pinto.
A alguns metros da meta a Paula deu-lhe a mão e disse qualquer coisa como “Fica assim, deixa estar assim…”. E então ela sentiu. E as pernas continuaram a mover-se automaticamente, e instintivamente deu a sua mão ao companheiro do outro lado, como se uma corrente forte se apoderasse dela, a elevasse e o momento se tornasse divinamente transcendente. Nesse instante se quedaram as palavras e por mais que as busque, ela não as encontra para sequer tentar transmitir o que sentiu, emoção pura. Há coisas que não se traduzem em palavras. Apenas… se sentem.
Cortaram a linha de chegada e já passava dos 56 minutos quando ela se lembrou de desligar o cronómetro.
A Prova
Com inscrições gratuitas, o Grande Prémio de Páscoa, de Constância, realizado dia 11 de Abril, ofereceu a quem nele participou, uma vila poética, embelezada pelo verde natural e pelo colorido das flores de papel que enfeitam as ruas num fim de semana de festa.
O 22º G.P. levou mais de seis centenas de atletas a cortar a meta depois de percorrerem 10 Km em asfalto, em estrada com o trânsito completamente cortado e paralela ao Zêzere que ali à frente se funde com o Tejo.
Com prémios de presença mais significativos (saco, t-shirt, água, 1 garrafa de vinho, troféu e biscoitos da região) apenas para os primeiros 500 atletas chegados, ainda assim a prova não desilude ninguém, mesmo os que recebem apenas 1 t-shirt e água, principalmente se tivermos em consideração as inscrições gratuitas.
Provas para escalões jovens antes e depois da partida da prova principal e ainda uma caminhada, tornam a manhã dos sábados de Páscoa em Constância, uma verdadeira festa do Atletismo.
Facilidade de inscrições, levantamento de dorsais, animação na partida e chegada, marcação de quilómetros, controlo por chip, percurso bem sinalizado e seguro, abastecimentos de água, e está Constância de Parabéns pela realização deste Grande Prémio pela 22ª vez.