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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

16ª Sport Zone S.Silvestre Cidade do Porto


Numa noite de chuva, vento e frio, junto à Câmara do Porto, viu-se chegar à meta 1869 atletas que tiveram a coragem e o prazer de participar nesta 16ª edição de uma prova já consagrada. A S.Silvestre Cidade do Porto. Para além dos mais de 2000 caminheiros e corredores que optaram pela participação na prova sem fins competitivos realizada em simultâneo na distância de 4 Km.

Brilho de atletas de elite acompanhado do outro, o brilho de quem corre para se vencer apenas. Para se sentir melhor. Na corrida e/ou na vida. O brilho do pelotão, que enche as ruas e faz a festa como ninguém, enchendo de cor as ruas, salpicando-as com o seu suor e oferecendo sorrisos ou esgares involuntários apenas.

A prova, organizada pela Runporto, com o apoio da Câmara Municipal e Governo Civil do Porto, FPA, Associação Atletismo do Porto, Conselho Regional de Arbitragem da AAP e PSP do Porto, não destoou de tantas outras a cargo desta mesma organização. O profissionalismo pôs de pé uma prova gigante com um serviço de muito boa qualidade pelo custo da inscrição (Eur 5,00), que creio, consegue agradar se não a todos, à maioria dos atletas.

Desde a inscrição e informação/divulgação da prova, através do site da organização, à rápida disponibilização dos resultados após a mesma, passando por excelente animação em condições atmosféricas adversas bem desfavoráveis, pontualidade, percurso totalmente cortado ao trânsito, bem sinalizado, apesar da falta da indicação dos quilómetros, abastecimento suficiente a meio, prémios de presença (camisola de algodão de manga comprida), controlo por chip (o que permitiu não considerar atletas que cortaram a meta antes de completarem as 2 voltas que totalizavam os 10 Km - desportivismo e verdade desportiva onde estais?!)

Por esta magnífica prova proporcionada a todos os que não temeram o mau tempo e lá se apresentaram, está sem dúvida alguma a Runporto de Parabéns.





Agora... Eu e a S.Silvestre do Porto 2009

Soltei os cavalos. Apetecia-me correr. Depois de na véspera (na S.S. Gaia) ter ido num ritmo que não era o meu, hoje precisava soltar-me. Prazeres diferentes, vividos na mesma intensidade. A intensidade com que se vive a vida. E na qual, no meu caso, a corrida está inserida, entranhada, absolutamente encastrada num orgão qualquer ou talvez até em todos, ramificada de tal forma que a sua remoção exigiria perícia de contornos cirúrgicos e adivinha-se tão dolorosa quanto a mesma é executada cruelmente a frio.

O tempo estava frio, vento e chuva. Dorsal ao peito, encontro amigos, bebo café, troco beijos, sorrisos, calor nos olhares, palavras. E apoio-me
nelas e neles e nela, na corrida. Apoio-me simplesmente. Porque preciso.

Já na zona de partida, saltito, tentando "aquecer". Rostos estranhos como o meu. Sinto-me só. Como só somos, desde que nascemos até morrermos. Entretanto, vivamos e corramos.

De entre a multidão um rosto conhecido gritando o meu nome "Ana!!!" - olhos brilhantes no escuro, atravessando caminho para chegar a mim. Aperto-lhe a mão como uma partilha. De um momento, de um sentimento, aparentemente de uma corrida apenas, mas de muito mais. Acompanhamo-nos mutuamente desde o tiro de partida. Sinto que a minha companhia está ainda pior que eu. Vou ao meu ritmo, mas sinto que ela me prende, o que eu permito voluntariamente pois a prova tem 10 km e é preciso ter cabeça. Penso (se chegar lá em condições) deixá-la para trás ao km 5 (meio da prova). No entanto por essa altura temos de enfrentar uma valente subida e não é por não querer que não largo a minha amiga. Mantenho e ela acompanha-me. Estamos bem. Eu estou bem. O vento é forte, a chuva abençoa-nos e o frio corta o rosto, a mãos, as coxas desnudas. Ainda assim avanço. Avanço como se essas contrariedades me fizessem correr mais ainda.

Ao km 7, sinto-me tão bem, que lhe digo que vou para a frente, o que ela já me vinha sugerindo há muito tempo. Avanço e parece que voo (a relatividade das coisas pela percepção individual...subjectiva e enganosa) e avanço velozmente (?)

Passo vários atletas como seria de esperar, apesar de mesmo nos últimos metros voltar a sentir falta de força, devido à ligeira subida para a mesma. Acabo com 58m08s, o que me valeu um 1538º lugar na classificação geral, entre 1869 atletas chegados à meta, e 22ª no escalão, entre 46 veteranas chegadas.

Uma prova que muito me agradou e até entusiasmou para outros vôos. Próxima corrida talvez no dia dos meus anos que se aproxima.

Em tempos, a minha corrida foi dividida assim:

1º Km: 5:48
2º Km: 6:35
3º Km: 5:38
4º Km: 5:26
5ª Km: 5:24
6º Km: 6:36
7º Km: 7:02
8º Km: 5:11
9º Km: 4:58
10º Km: 4:57

Resultados da prova no site oficial da entidade organizadora Runporto

Fotos da malta:

Outra malta a correr:

sábado, 26 de dezembro de 2009

7ª S.Silvestre de Gaia



Organizada por várias entidades, entre elas a Câmara Municipal de Gaia e a Gaianima, realizou-se hoje a 7ª S. Silvestre de Gaia.

Com a prova principal a anunciar 10 km, uma Mini e Caminhada de 4 Km e uma S.Silvestre da Pequenada, reuniram-se centenas de atletas para correr ao fim deste dia de Inverno soalheiro, num percurso praticamente plano à beira Douro.

Com uma taxa de inscrição de Eur 3,50 para a prova principal, foi proporcionada uma prova bem organizada e com poucos reparos.

Levantamento de dorsais sem irregularidades, ambiente festivo, pontualidade nas partidas, um percurso bem sinalizado, apesar de não corresponder à distância anunciada (é superior), falta de marcação de quilómetros, total corte de trânsito, segurança garantida, bom acompanhamento de prova, abastecimentos suficientes, posto de controlo na viragem, algum público, muito boa recepção na meta, com chá quente e bolo-rei, e um admirável azulejo e t-shirt de boa qualidade para todos para além dos prémios monetários e taças, atribuídos por classificação.

Uma prova que provavelmente deixará vontade de voltar à maioria dos participantes, e que foi sem dúvida mais uma edição de sucesso.

Parabéns pois a todos os envolvidos no evento.


A minha S.Silvestre de Gaia ou a prova 100 imagens

Às vezes sou egoísta. Às vezes não. Hoje não fui.

A minha forma é neste momento, sem forma apenas. Ainda assim, movida por forças conhecidas e desconhecidas, inscrevi-me e corri. Como habitualmente nos últimos tempos, sem treinos, posso dizê-lo sem falhar muito à verdade.

Impulsionada por ele para estar aqui hoje, corri com ele. Com um prazer intenso e renovado que não sentia há muito, corri ao seu ritmo que é ligeiramente mais lento que o meu neste momento, o que é perfeitamente justificável pela sua vida inteira de sedetarismo e absoluta estreia no mundo das provas.

Partímos de trás como seria sensato. E sensatamente corremos devagar. A um ritmo confortável que me permitia falar facilmente e forte o suficiente para não sermos atropelados pela ambulância que nos acompanhou rugindo baixinho até sensivelmente ao km 9, altura em que passámos duas atletas.

Este distanciamento do pelotão permitiu-nos gozar de uma calmaria reconfortante repousando o olhar sobre um Douro calmo espelhando a magnífica cidade do Porto iluminada.

Uma prova cómoda, calma, de conversa amena como a noite e o rio, reconfortante e excitante em simultâneo, pela novidade das emoções depois de tantos anos de corrida, que é simplesmente partilhar algo tão intenso e gratificante como a corrida, como se fosse a própria vida, com alguém que amamos.

Acabámos bem com 1h14m06s para uma prova que media sensivelmente 10.800 metros.

Dão-nos chá quente e doce e bolo rei.

Obrigada Vila Nova de Gaia por me receberes tão bem e me dares o que eu preciso.

Amanhã... S. Silvestre do Porto, por minha conta e risco.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal e....

Quando se começa a gostar da vida, começa-se também a sentir medo de a perder. Talvez não passe isso apenas de uma deformidade inerente à personalidade ou de uma enfermidade latente que no entanto há muito se manifestou.

Talvez seja este mesmo o encanto da vida: a constante volatilidade de cada segundo carregado de certezas tão fáceis quanto frágeis, sejam elas de nosso agrado ou não.

Tenho estado ausente (não repararam?) deste espaço. Presente noutros. No entanto sinto falta deste. De o preencher preenchendo-me. Em cada parágrafo, linha, palavra, despejando destroços e pedaços partidos de felicidade, recuperando-os em catadupas, doses duplas de matéria inerte e invisível, que no entanto converto em pingos de vida que uso em cada dia, salpicando-os de vida, os dias, saindo reforçada em cada passo que dou.

Vem aí o Natal e o final de mais um ano.

Deste a prova na Margem Sul (último "post") que não corria. Tenho no entanto andado e corrido por aí, já que parar é morrer, dizem, e eu ainda cá ando (e corro):


1 treinito de 39 minutos há 2 dias, a um ritmo muito lento. Muito saboroso e revigorante a nível psíquico, ainda que o físico não tenha correspondido nem estado no mesmo plano de igualdade com o primeiro para lhe ser possível usufruir da coisa com o mesmo prazer.

1 treinito a lembrar que vem aí o Natal e o fim do ano, e que tenho 20 Km para correr no próximo fim de semana. Nada mais nada menos que 2 S.Silvestres.

Antes disso, temos aí o Natal, para nos darmos.

A todos que por aqui passam, um Feliz Natal, com aquelas coisas que cada um considera essenciais, e que para mim são: Saúde, Amor, Paz e Alegria, pois sem uma não se têm as outras em pleno, e muitas outras vêm por acréscimo. Pois a todos então...

Um Feliz Natal

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

TROFÉU DA CAPARICA 2009 – 22 de Novembro de 2009

A Margem Sul e a Corrida

Tempos houve em que havia o Troféu. O Cidade de Almada. Depois acabaram com ele. Teimosamente há quem insista em manter as "suas" provas.

A Junta de Freguesia de Caparica é uma dessas entidades. Teimosas. Positiva e espectacularmente teimosas. E por certo principalmente por isso, pela insistência em manter uma corrida, uma manhã de domingo com gente a correr, com provas para todos os escalões, desde os mais pequeninos aos mais idosos, lá se criaram condições para a prova se realizar.
E foi ontem, dia 22 de Novembro que se realizou a prova de atletismo Troféu da Caparica 2009.

Bandeiras hasteadas, uma mesa com taças, troféus e medalhas e t-shirt, e água e bolos e fruta para oferecer na chegada a todos os participantes, um portal insuflável de Partida e Meta, fitas delineadoras de parte do percurso e do funil para a meta,uma ambulância, bombeiros e polícias, um secretariado disponível e eficaz, e certamente muita boa vontade, ofereceram a "meia-dúzia" de atletas uma corrida que cumpriu as condições mínimas, em oposição à vontade e voluntariado que foi de nível próximo do máximo.

Trânsito apenas condicionado num percurso bem sinalizado e acompanhado por elementos da organização.

Provas por escalões, com muito fraca participação, não ultrapassando mesmo as escassas dezenas na prova principal.

Não deixou por isso de estar de Parabéns a Junta de Freguesia de Caparica, que proporcionou uma manhã desportiva a tantos quantos tiveram a possibilidade de lá se apresentarem para participar.

A minha prova:


Atravessei o rio como quem volta a uma vida e afinal a vida é nova, estreia-se em cada dia em que se tem a sorte de acordar. Saudades de uma margem que estará sempre lá para mim.

Regresso forçadamente para me obrigar a um gosto que há muito não tinha.

Eu mereço e eu hoje vou correr outra vez. Pelos Sargentos, amigos, companheiros e conhecidos. Outros também, de outras equipas ou de equipas nenhumas. Companheiros de corrida, que partilham uma estrada, um caminho, um trilho, por breves trechos da nossa vida, no tempo que dura uma corrida e enquanto o cronómetro não se desliga.
O ambiente é alegre, popular e um tanto ou quanto brejeiro. Depressa tenho o meu dorsal, cumprimento amigos e tomo o café obrigatório no meu caso.
Vejo partir os pequeninos, com um empenho e dedicação pela corrida que provavelmente os adultos não lhes saberão manter. Capto-os para os olhar nos olhos e absorver as suas expressões sempre que me esquecer do que a corrida me dá.
Depois tenho de aquecer. Sozinha e com amigos, sob um sol bonito.
Depressa se faz a chamada para a minha prova: 4 veteranas e 2 jovens raparigas e 2 rapazes. Sim, a corrida vai-se fazer ao longo de 3550 metros para este punhado de gente.
Punhado mal cheio que se dispersará pelo asfalto rapidamente.

Cronómetro ligado e a adrenalina de novo no sangue. Uma carrinha de caixa aberta, das obras, abre-nos o caminho aos solavancos e avançamos. Um rapaz e uma rapariga vão na frente. Segue-se a Magui e eu na sua sombra apenas no 1º km, que fiz em 5m04s. No 2º Km deixo a Magui afastar-se para a frente e alcanço-o com 5m28s. Depois, não que me sinta quebrar muito (e não quebrei a ver pelos 5m21s quando alcanço o 3º Km) mas sou passada por outra mulher.Continuo com a energia que me resta e corro, corro para a meta, como quem corre para os braços de um amor, do amor que temos.Desligo o cronómetro com 18m46s para a distância de 3550 metros. Nitidamente satisfeita.
Promessas não há. Nem de mais provas, nem de grandes ou pequenos planos, nem de treinos nem desafios nem de programas arrojados nem de nada. Apenas um sorriso e uma satisfação de quem teve um pedaço de dia feliz, inserido num fim-de-semana feliz, ali a suar e a sentir o coração e os músculos e o ar e o sol e o céu, e absorver isso tudo e mais coisas ainda numa lufada vigorosa em cada inspiração que enche os pulmões, e deles se liberta de novo, depois de purificar e renovar o sangue e a alma desta mulher, ficando ainda a certeza que a corrida é fundamental e imprescindível para a sua existência e sobrevivência.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Atravessou os portões, abertos de par em par como que a acolherem-na ou a convidarem-na a entrar.

O edifício estava iluminado, fortes holofotes incidiam nele a fazerem-no sobressair da noite e da escuridão envolvente em que se encontrava. Portas altas e estreitas e janelas similares, como olhos a mirarem-na do alto, uns abertos, outros meio fechados, conforme as persianas estavam subidas ou descidas. Iluminados alguns, às escuras a maioria, como a guardar quem a vigiava, em segredo e silêncio, supostamente protegidos de um mundo austero.

O edifício olhou-a do alto. Imponente, majestoso e misterioso, austero, frio e forte. Como uma fortaleza no meio da cidade. E o silêncio… Ao mesmo tempo aterrador e reconfortante. É noite na cidade. Há o burburinho do trânsito lá fora, para lá dos portões, o normal para uma hora de ponta ao fim do dia na metrópole, mas ali dentro, há sossego e paz. Por instantes ela desejou pernoitar. Em paz e sossego, e dormir uma noite bem dormida como há muito tempo não dorme. Esta noite. E talvez outra e mais outra ainda.

Mas não. Não será certamente esta noite ainda. Pelo menos ali, protegida pelas espessas paredes cor de rosa suave, a fingir uma doçura e a esconder uma realidade dura por trás delas. Tão suave e tão dura como a vida cá fora afinal. E há uma vida para viver, um fim de semana para passar e uma corrida para correr. Por isso ela deu meia volta e voltou a atravessar os mesmos portões, agora em sentido oposto, com a certeza no entanto, de que vai lá voltar.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


Ela sabe que o vai fazer. Talvez hoje. Ou talvez não hoje ainda. A noite mal dormida, as horas a olhar para as horas, satisfeita por ainda ter horas para dormir que acaba por não dormir e apenas lhe dar mais horas a olhar para as horas, não lhe favoreciam o optimismo nem a clareza de ideias. Mais valia que estivesse a dormir. Quantas vezes, o que pensamos é tão…tão… que mais valia estarmos a dormir e não pensarmos sequer.

Mentalmente previu a cena. O levantar, enfiar as calças de ganga e a camisola, abrir a gaveta, libertar os comprimidos azul bebé ou cor-de-rosa ou de outra qualquer cor suave e doce de que se gostaria a vida ou a morte, com a certeza no entanto, de que esta não o é, nem doce nem suave, pois é sempre feia e fria e cheira sempre mal até nos nausear e revolver as entranhas até estas nos saírem pela boca num clímax de horror, do blister de plástico transparente, e em grupos de três ou quatro introduzi-los sobre a língua, para de seguida engoli-los com um grande copo de água.

O levar os filhos à escola, despedir-se com um beijo e um abraço, detectar que o carro está amassado e não ter dado conta de ter batido ou encostado sequer. A insensibilidade ou a falta de memória, deixa-a admirada mas não a assusta. Voltar a casa e deitar o corpo sobre a cama e sentir afundar-se nela. Não sabe se acordará ou se quererá sequer voltar a acordar. Não sabe se será hoje ou não. Até um dia a vida a apanhar sem surpresa afinal e a lixar. Numa altura em que ela não quererá, adivinha...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

6ª EDP MARATONA DO PORTO – 8 de Novembro de 2009

A Maratona do Porto sempre teve para mim um encanto e valor especial. Não porque fosse a minha primeira e por isso se revestisse de encantos nupciais, ou aquela onde fiz a minha melhor marca, pois também não o foi. Foi apenas aquela em que desisti há 2 anos atrás e que se mantém como a minha última tentativa de percorrer a mítica distância. Até hoje.

No entanto, o que me fez nascer e manter este perfeito enamoramento foi a coragem e força de um homem há 5 anos atrás, numa cidade do Norte, e ter dado à luz uma prova Rainha como quem gera um filho, num país só aparentemente de pouco mais de meia dúzia de maratonistas, pois na realidade eles existem embora até hoje prefiram as provas onde se perdem escondidos entre milhares, e ter cuidado desse filho com tanto carinho e dedicação que o tornou um caso sério no panorama da Corrida em Portugal.

A pedra fora lançada em 2004. Nessa 1ª edição, com apenas pouco mais de 300 atletas chegados, mas já a mostrar a qualidade de uma organização que prometia uma grande Maratona.

Este ano, a 8 de Novembro, 6ª edição, a prova teve mais de 800 atletas chegados. Mais um salto significativo no número de participantes, que usufruíram das condições oferecidas pela que é a melhor Maratona de Portugal.

Não a corri outra vez. Fiquei-me por uma das duas provas que decorreram em simultâneo: a Corrida da Família com 14 Km, e a Mini/Caminhada, prova sem classificação.

A organização: impecável. De um evento que colocou na rua cerca de 7500 indivíduos no total das 3 provas.

Destaco positivamente as zonas de partida, divididas e organizadas. O café oferecido antes da partida. A animação. O apoio da Cruz Vermelha. O trânsito cortado. As massagens no final. Os prémios de presença. A Feira. A “Pasta Party” apesar de já ter sido melhor em edições anteriores. O levantamento dos dorsais. A meta. O apoio logístico em termos de transportes. Os abastecimentos. A marcação dos quilómetros. As classificações rápidas, assim como as entregas de prémios. A beleza do percurso. O profissionalismo. O apoio psicológico por entidade competente.

Por tudo isto e mais alguma coisa, esta é sem dúvida a melhor Maratona de Portugal, que merecia ter muitos mais participantes. Se disser que para o ano, eu conto engrossar o número de atletas que usufruirão de uma Maratona de qualidade em Portugal, estou simplesmente a ser verdadeira. Porque há coisas que não se devem perder. E eu já perdi demais.


A minha prova dentro da 6ª EDP Maratona do Porto:

Family Race – Corrida da Família – 14 Km

Há coisas que se têm de preparar com antecedência. Uma Maratona é uma delas. Meses antes comecei uma vez mais a reservar lugares para os interessados em fazerem a viagem Lisboa-Porto-Lisboa, oferecida pela Runporto por um custo reduzido. Com o autocarro meio cheio e meio vazio, perdi todos os dados. Recuperados os dados com algumas dores de cabeça, e vejo-me na manhã da véspera da prova, na capital de Portugal, pronta a embarcar em mais uma aventura junto com 50 atletas, divididos pelas 3 provas. Estou nervosa, claro que estou nervosa. E se alguma coisa corre mal? Não há-de correr, mentalizo-me.

Chegamos ao Porto perto da hora de almoço. Uma Feira com um ligeiro cheirinho a lembrar a minha única internacionalização, Paris. Come-se massa, levantam-se os dorsais, uma volta pelos stands, dos quais destaco o Apoio Psicológico ao Maratonista, que este ano dispensei por razões óbvias, apesar de ser sempre um prazer reencontrar a Tatiana e a Helena, que desde a 2ª edição me apoiaram grandemente de forma profissional para além de simpática. No tempo em que eu era uma Maratonista activa.

Desta vez limitei-me a conversar, a reencontrar amigos, a apreciar a Feira e a resignar-me outra vez com a minha condição de participante nos 14 Km em vez da Maratona. Não posso negar uma certa nostalgia que afasto com a racionabilidade possível.

O dia da prova:

O pequeno almoço é serviço a partir das 6:00hrs. Somos levados para a partida, onde encontros e reencontros se dão. Três partidas diferenciadas: Maratona, 14 Km e Mini. Café, casa de banho, fotos e beijinhos e ocupo o meu lugar. Estou só. Como gosto e preciso de estar também. Comigo. Partimos. Pouco depois avisto três amigos que iam para a Maratona: António, Eliana e Carlos que se ia estrear na distância. Foi muito bom encontrá-los. É bom estar só mas melhor ainda estar com amigos. Conversamos. Animo e incentivo o Carlos e vou com eles em pensamento, mesmo quando chego ao Km 10 e temos de seguir percursos diferentes. A corrida foi-me fácil até ali. Muito fácil, como se o meu corpo voasse, agora como voa o meu espírito e segue com aqueles três amigos para a Maratona. De imediato avisto a Lígia, uma amiga que vai para os 14 Km como eu. Parece-me que vai a quebrar e apanho-a com facilidade. O ânimo não se me desvanece e sigo com ela num ritmo idêntico pois não estou propriamente folgada. Corremos juntas até à meta onde termino os 14 Km com 1h23m46s. Nada mau, penso. E não me custou muito. E soube-me muito bem. Tão bem como já há muito tempo o acto de correr não me sabia.

Reencontro o meu pai, a minha filha e amigos que tinham ido caminhar. Com excepção do meu pai, não espelham a minha alegria, como eu gostaria, pois a chuva miudinha não lhes tornou o passeio tão agradável como esperavam. Por mais que queiramos partilhar, e por melhor que seja a nossa vontade e intenção, há coisas que serão sempre só nossas e de difícil compreensão para terceiros.

Em silêncio, secretamente, porque a mais ninguém interessa ou diz respeito, prometo-me que dia 7 de Novembro de 2010 estarei de novo ali, no Porto, para correr a 7ª EDP Maratona do Porto.

Ana Pereira

Novembro 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

6ª EDP MARATONA DO PORTO

Realizou-se dia 8 de Novembro de 2009, pela 6ª vez consecutiva, uma Maratona nascida numa cidade esquecida (só para rimar), que se tem vindo a afirmar, de ano para ano, e em apenas 5 anos é já hoje, inequivocamente a melhor Maratona de Portugal: foi a 6ª EDP MARATONA DO PORTO

E eu, outra vez estive lá. Desta vez para correr 14 Km, e "levar" um autocarro com 52 participantes no evento, autocarro esse disponibilizado pela Organização, Runporto, que por um valor reduzido (Eur 10,00) ofereceu a viagem Lisboa-Porto-Lisboa.

A saída de Lisboa, Campo grande:
Já na Expo Maratona :
Com o Director da prova, Jorge Teixeira:
Domingo, 8 de Novembro, minutos antes da prova, entre amigos:



Entre amigos e com Alberto Chaiça que acabou por ser o 2º classificado na Maratona:




Quero correr!:
O aquecimento:
Mesmo antes da partida:
Com a minha filha e o meu pai:
O meu pai:
A corrida espelhada no rosto, com vontade de correr a Maratona, mas feliz na mesma com a possibilidade de correr 14 Km:
A cauda das provas, a Caminhada, com todos os restantes participantes já lá para a frente:
Eu e Lígia, no final da nossa prova (14 Km), junto à tenda da Cruz Vermelha, depois de cortarmos a meta, onde, sem eu saber bem como, o meu cronómetro marcava 1h23m46s :
O regresso do autocarro, a sair do Porto, com um Adeus e um até para o ano:

Antes disso, provavelmente já amanhã, cairão aqui mais algumas palavras, mas por hoje é só.

Até amanhã querido diário

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Coisa Má

Cochicham entre dentes que ela tem uma coisa má. Cancro ou mesmo Sida, é ao que eles se referem, mas evitam a palavra, sempre a palavra, como se a palavra, proferida por suas bocas, saída entre os lábios deles, em sussurro que fosse, os pudesse misteriosamente contaminar.

A conversa, ao invés de revelar preocupação, o que à primeira vista nos poderia sugerir, reveste-se antes de fonte viva de mexerico, de alienação da sua própria vida, substituída e preenchida com a do alheio, numa íntima e secreta satisfação

Ela enfrentou os olhares deles, acompanhados de sorrisos baços sem graça ou vivacidade ou naturalidade sequer, retribuiu como pôde e passou por entre eles, abrindo caminho em silêncio e sentindo de seguida os olhares deles a cravarem-se-lhe nas costas como punhais afiados de dentes em serrilha.Ninguém a abordou. Trocam olhares entre si e mal ela se afasta o suficiente para não os ouvir, a conversa retorna até ao momento de ser substituída por outra, de carácter idêntico ou não, mas sem dúvida com o mesmo intuito, sobre outro alguém que deixara o grupo entretanto.

Não imaginam sequer, nem verdadeiramente lhes interessa, quão má é a coisa que ela tem."O suicida fracassado, utiliza o insucesso da sua própria morte induzida e fracassada para fazer crescer o rol de incapacidades com que se auto define, e dessa forma infligir maior dor e angústia à sua existência até a tornar de novo numa tortura dolorosa até ao humanamente insustentável. O suicida bem sucedido... bem...esse não está cá para contar."

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Porque eu preciso...eu vou!

Porque eu preciso...eu vou!


... à prova convívio de 14 Km, integrada na Maratona do Porto, dia 8 de Novembro de 2009:



Como? Quando faltam apenas 13 dias? Vejamos o que se arranja... ou antes, como me arranjo eu.

Com mais ou menos apetrechos e arreios, mais ou menos arranjada e alinhada, com um corpo mais ou menos pesado, peso esse que adivinho em franca expansão, livre e solto como cavalo bravo, a avaliar pelo que a besta tem pastado em prado verde, para além dos fardos de palha que se lhe apresentam à frente e aos quais ela não se nega, o certo é que eu conto lá estar, alinhar na Partida e cortar a Meta. Como? Não sei. Depois conto.

Até lá, quem tiver paciência, que me siga. De preferência até ao Porto, até à prova, que acredito, não se vão arrepender certamente.

Até amanhã querido diário.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

A Mini da Meia Maratona Sport Zone

Não sem alguma tristeza, mas também com alguma alegria, decidi sensatamente participar na Mini da Meia Maratona Sport Zone em vez de me aventurar a correr os 21097,5 metros, para os quais estava inscrita, com o dorsal 704, para correr por uma equipa (Cyber Runners) da qual me desencontrei completamente, e não fosse o II Meeting Bloggers incluir almoço, e não teria posto a vista em cima de ninguém, que e onde felizmente acabei por ter muito prazer em reencontrar e/ou conhecer.

Fiz a minha prova em 34m08s, para uma distância incerta a rondar os 6 Km


Hoje deixo apenas algumas fotos:

Antes da partida, posicionada na zona da partida da Meia, mas certificando-me que ninguém para essa prova estaria atrás de mim, o que acabou por ser um erro pois mal o tiro foi dado, ia sendo abalroada pela multidão da Mini, ávida para correr e/ou caminhar, sôfrega e sedenta de suor...Já acabada a minha prova, nitidamente curta e insuficiente (para o que eu queria e gostava, mas perfeitamente adequada às minhas (in)capacidades actuais):

E a pensar que, desta vez no final de uma prova, não vou dizer cheia de uma força tão sólida e firme como uma chama de vela em dia de tempestade, que para o ano vou voltar sim, mas para fazer a Meia, mas apenas dizer que para o ano, e até mesmo daqui a segundos, quando o post for publicado, simplesmente não sei onde estarei nem a fazer o quê. São estas as nossas certezas (?) de hoje:
Resultados da prova já disponíveis no site da Organização, RUNPORTO

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Meia Maratona Sport Zone 2009

O comboio ia apenas até ao Porto. Porto, porto... esse lugar onde se pode descansar e/ou encontrar protecção, abrigo, refúgio, destino. Mas se o destino deste comboio fosse o fim do mundo, como se o mundo fosse um planisfério e tivesse um fim, onde os carris metálicos fossem abruptamente cortados para lançar os vagões violentamente no vazio da escuridão, a ela não lhe faria diferença nenhuma. Absolutamente nenhuma. Simplesmente gozava o momento. Adorava andar de comboio. Sentir as carruagens deslizarem a alta velocidade sobre os carris enquanto a paisagem ia ficando para trás, dava-lhe um especial prazer. Como se fosse a vida dela a avançar. E assim, sem pensar no destino que levava, desviou os olhos da janela e voltou a pousá-los no livro que tinha aberto sobre o colo.

DORSAL: 704 NOME: ANA
APELIDO: PEREIRA
SEXO: F
DATA NASCIMENTO: 24-01-1969
CLUBE: CYBER RUNNERS
NACIONALIDADE: PORTUGAL
PROVA: Meia Maratona SportZone 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Saudades...

Quando ele lhe disse que tinha saudades da "Ana", ela não se apercebeu de imediato da dimensão e da gravidade da "coisa".

A "coisa" em que ela se andava a transformar há tempos, tal metamorfose de batráquio, que girino, um dia se vê no reflexo da água do lago, e em vez de princesa esbelta e desnuda, montada num cavalo alado de imaculado pêlo branco, é antes rã verde viscosa e escorregadia, que coaxa sem parar nos pântanos em noites de luar, à espera de ser beijada por quem não chega.

Ela não é esta. Ela não quer ser esta. Definitivamente, esta nao é ela. No entanto, esta é ela hoje. Não há outra. Hoje, ela é esta. E ela, esta, tem também saudades da outra, da "Ana"...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Corrida de Sesimbra 2009

“ Parecerá a muitos que este meu diário, feito para mim, é artificial demais. Mas é de meu natural ser artificial. Com que hei-de eu entreter-me, depois, senão com escrever cuidadosamente estes apontamentos espirituais! De resto, não cuidadosamente os escrevo. É, mesmo, sem cuidado limitador que os agrupo. Penso naturalmente nesta minha linguagem requintada.”

Fernando Pessoa


Corrida de Sesimbra 2009

5 de Outubro de 2009

Não me apetece especialmente falar da boa organização em geral, a cargo da Câmara Municipal de Sesimbra com o apoio técnico da Xistarca, do valor acessível das inscrições e da facilidade destas, da suficiente informação disponibilizada antes e depois da prova, nomeadamente no que às classificações diz respeito que foram muito rapidamente divulgadas na internet, no levantamento dos dorsais sem qualquer dificuldade no dia da prova, da boa segurança e sinalização do percurso apesar de alguma atribulação em certas zonas estreitas onde os atletas se cruzavam, nomeadamente no porto de pesca, nem da animação geral, quer do público quer da organização. Nem sequer me apetece falar das medalhas de presença e das bonitas t-shirts que a todos foram oferecidas, nem dos suficientes abastecimentos ou da pontualidade que existiu, ou da falta de exactidão da distância anunciada, ou ainda da meta organizada ou do controlo por chip. Muito menos me apetece falar das 58 mulheres e dos 584 homens chegados à meta este ano, contra as 61 e os 574 do ano passado, nem dos vencedores nem dos prémios monetários por classificação. Nem dos tempos ou de outros números, nem de muitos outros dados e factos que confirmariam que esta edição foi mais uma edição de sucesso, merecendo a preferência dos atletas, e os meus sinceros parabéns à entidade organizadora e todos os seus apoiantes.

Apetece-me sim falar da corrida. Da minha corrida. Do mar e de mim e do amor. Daquele que me faltou, do que me acompanhou e do que fui encontrando pelo caminho, em variadas formas. Tão variadas quanto as formas de vida. É isto a vida, é isto a corrida. É partir com esperança, e esta se perder e se encontrar vezes sem conta. Sem nunca nos darmos por vencidos. É sorrir e chorar e sentir o sal do mar nas nossas lágrimas caladas que já não têm razão de ser, mas que ainda assim espreitam, sobem num laço apertado até à garganta e se querem fazer soltar, dizendo agora que são de alegria. É encontrar a doçura da vida nos olhos da minha filha e do meu pai, e deixar-me abraçar por eles enquanto corro mesmo já em sofrimento.

Quero falar do bem que ela me faz. Do abraço que me dá em cada passo que dou. Em cada meta que alcanço, em cada olhar, em cada pulsar de sangue sob o efeito dela. Quero falar dela. Do amor por ela. Quero falar dela e dizer tudo o que ela me dá e me faz ser e sentir, mas por mais palavras que debite… nitidamente …não consigo…

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Corrida de Sesimbra

5 de Outubro de 2009 - Corrida de Sesimbra 2009




Ao fim de tanto tempo, tanto que se perde no próprio tempo ou na memória que não se quer lembrar, volto a calçar os ténis e vou correr. Não. Não fui treinar, como deveria andar a fazer.

Fui à Corrida de Sesimbra. 10 km anunciados. 1h00m21s de tempo gasto. A conversar e a rir durante uma hora, dividida em duas partes, onde na primeira fui genuína porque ia muito bem, e na segunda onde o disfarce foi mal feito e até deu para me interrogar o que fazia eu ali e considerar seriamente a desistência desta relação de amor nada fácil.

Depois...quando termino e agora mesmo nesta hora, reencontro a resposta. Preciso dela. Se ela de mim precisa é-me indiferente, mas eu, clara e inequivocamente, preciso dela!

Classificações no site da Xistarca

Fotos na Galeria do site da AMMA