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Levo-o para todo o lado. Assim possa eu e assim possa ele. E assim será até um de nós já não puder. Haja caminhada e ele alinha feliz como dantes alinhava nas partidas das corridas. Faz o que pode: caminha, tira fotos, conversa, ri e vive momentos felizes. Tem 73 anos hoje.
Com a aproximação dos 20 Km de Cascais , prova onde irei alinhar, a realizar dia 22 de Fevereiro, recordo de há 10 anos atrás, ter escrito:
"O exemplo do Melro
Domingo, 14 de Fevereiro de 1999. Ar cansado, mas feliz por ter concluído (1h 49m) os 20 km de Cascais. O Melro, 63 anos feitos, festejou o 1º ano da prática da corrida, pois a sua estreia aconteceu precisamente na "Rapidinha" do ano passado.
Nunca tinha corrido na vida. Amigo dos copos, columbófilo por herança, uma voltinha de bicicleta de longe em longe e nada mais!
O bichinho da corrida nasceu quando começou a acompanhar o genro e a filha nas provas de estrada. A acompanhar é como quem diz: a ir ver, a aplaudir e a admirar este ambiente muito especial.
O Melro, observador e irrequieto como a ave, reparou nos "velhotes" alguns com mais primaveras que ele, que corriam nessas provas e começou a deixar escapar frases como:
"eu se calhar também era capaz...ou não?"
A filha nunca acreditou que o Melro pudesse correr, com a sua barriguinha típica de bebedor, e só lhe respondia que para fazer aquilo era preciso muito treino e que lá por ele ver aqueles velhotes com mais de 70 anos a participar, não seria fácil para ele imitá-los. O genro dizia que tinha de começar devagar.
O Melro vem um dia dizer à filha que tinha estado a treinar no quintal (que nem 50 m tem de comprimento). Havia no Melro uma vontade de correr mas ao mesmo tempo uma timidez e uma indecisão de dizer: "Eu quero, sou capaz e vou começar". Precisava de um empurrão.
No Natal de 1997, o genro e a filha ofereceram-lhe uns sapatos de corrida. E logo começou o Melro, com um programa de treinos feito pelo genro, que ele cumpria à risca.
A exigência da ida ao médico foi o 1º obstáculo a vencer. O Melro achava que não era preciso.
Mas o "treinador" ameaçou que sem ida ao médico não havia mais treinos para ninguém. E lá foi o Melro ao médico. Felizmente a máquina estava boa.
O 2º obstáculo foi o aquecimento. Não foi fácil convencê-lo. Ele queria era calçar os ténis e sair para correr. Levou algum tempo a perceber a sua importância.
O treino de início, era, um minuto a correr, um minuto a andar. Depois, dois minutos a correr e um a andar, e assim progressivamente, lá estava o Melro todo nervoso mas entusiasmado na linha de partida da Rapidinha de Cascais, em Fevereiro de 1998.
Fez a prova toda acompanhado pela filha. Seguiu-se a Mini-Maratona da ponte, e desde então nunca mais parou. Já lá vão 27 provas num total de 260 km percorridos (fora os 2 a 3 treinos semanais), onze quilos perdidos, muitos copos por beber (não todos) e, o mais importante, um rejuvenescimento físico e mental que o fez encarar esta nova fase da vida (recém reformado) duma forma viva e entusiasmante.
Este relato não só demonstra que nunca é tarde para começar, como também a importância das Minis e Rapidinhas na iniciação de muitos corredores (também a filha do Melro se iniciou numa Mini da Ponte), contrariando a opinião de muitos atletas, que dizem que estas provas só servem para atrapalhar os que correm "a sério".
Ana Pereira, 1999"
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António Melro Pereira, 14 de Fevereiro de 1999 nos 20 Km de Cascais
Dia 22 de Fevereiro de 2009, lá estaremos os dois! Eu a tentar fazer os 20 Km. Ele fará a Rapidinha, de preferência com muita calma.
E hoje, por mim mas também muito por ele, e porque quero continuar a levar este barco até ao inevitável dia da sua última viagem, eu hoje corri.
52 min de corrida contínua lenta.
Até amanhã querido diário