Ainda 5ª feira, 5 de Outubro de 2006Faltam os mesmos 10 dias para a Maratona do Porto
Depois da Meia Maratona de manhã, fui tomar um bom banho, arranjei-me e fui para o 1º Encontro do Fórum Mundo da Corrida RunPorto.com.
A coisa, do ponto de vista objectivo esteve muito bem, e mais ainda se nos lembrarmos que foi o primeiro!
A organização do Encontro está toda de parabéns, tendo cada um a sua quota-parte de contributo sem a qual a coisa não seria possível.
Muito positivo, deu para o sério e para o simples(?) e salutar convívio entre amigos, e novos amigos que se descobrem.
Pois o que quero contar aqui é a minha experiência, única e inigualável como a dos demais certamente.
Sem ter tomado qualquer tipo de droga, acho que passei para uma estranha dimensão qualquer. Claro que também houve momentos “normais”, de conversa fluida e agradável, onde ainda me fez recordar que existem homens e mulheres bons, de bom coração, puros, etc.
Bem, um facto é que raramente conhecemos as pessoas o suficiente para podermos afirmar tal leviandade. Parece que a melhor forma de estar na vida talvez seja mesmo conhecer o outro, mas apenas …até ali. Pois se passarmos para o mais íntimo e profundo de cada um, as probabilidades de desilusão (mediante o que nos foi já dado a parecer ser) são enormes.
Assim, redescobri que há homens com H grande. Não, não, não, isto nada tem a ver com sexo, pois se esse item é levado em consideração então é que o homem deixa de ser gente sequer, para ser uma autêntica besta ou verme rastejante!
Bem o que quero dizer é que até onde já conheço ou até onde conheci naquele dia pessoas novas (homens e mulheres) me fez ter de novo a esperança de que ainda vale a pena. Amizade, sinceridade, franqueza, lealdade, respeito, consideração, integridade, coerência, altruísmo, valores que muito considero e que talvez ainda existam. Só por isso foi bom. Levar-me de novo a ter esperança. No quê, hão-de perguntar. No ser humano.
Mas talvez essa sensação se deva somente porque fui apenas até à linha que não se deve ultrapassar dentro de cada ser. Mas assim as coisas estão bem. Conhecemos o suficiente de cada um. Mais para quê? Para descobrirmos os monstros que por aí andam? Já me chega os que conheço demasiadamente bem.
Bem, a viagem absolutamente alucinante que tive começou quando estava sentada na sanita ainda sem ter comido nada depois da prova, com a cabeça à roda entre os joelhos, sem saber muito bem se me resolvia a vomitar ou a defecar, e ouvir uma voz masculina (eu estava no wc das mulheres note-se) a reclamar com a mulher porque esta não lhe tinha trazido peúgas para trocar e isso parecia que teria sido tarefa a ela destinada pelo que o grave erro era de sua responsabilidade. Quando a coisa acalmou cá fora e lá dentro (já me sentia melhor) atrevi-me a sair e surpreendida pela presença ainda da senhora responsável do fatídico erro, só lhe consegui sorrir de forma simpática, o que foi de imediato retribuído.
Algum tempo depois, um marido fala animadamente sem parar sobre corrida, corrida, corrida, corrida, corrida, o que até estava a ser interessante para a maioria presente na mesa, mas mediante a resposta da esposa quando solicitada por um terceiro elemento para responder se ela também corria, ela só diz:
- Não, para ele correr…não posso correr eu. Há filhos, uma casa, uma vida extra corrida. Ele está sempre ausente. Alguém tem de estar presente para os filhos. A Mãe está!
O marido falador meteu a conversa no bolso e não mais se ouviu o resto da tarde.
Depois ainda alguém (que me acaba de conhecer) me acha com cara de boa ouvinte ou psicólogo barata, e vem para cima de mim descarregar um camião de problemas de uma vida inteira. Graves, bem graves por sinal. Por humanidade ouvi-o atentamente e disse as únicas palavras que poderia ter dito. Mas as coisas, quando são assim graves, não é com palmadinhas nas costas e palavrinhas amigas que se resolvem. Problemas do foro psicológico graves necessitam da intervenção de um profissional atento e interessado, o que nem sempre se tem a sorte de encontrar. Aquela longa conversa que efeito terá tido no indivíduo? Talvez nunca o venha a saber. Mas como há uma ínfima hipótese de o ter de alguma forma ajudado, não sinto que tenha perdido tempo. Daqui a uns tempos procurarei notícias.
E o filme acabou. Homenagearam-me como participante com algum relevo e importância no último ano no fórum, e recebi essa coisa aí abaixo. O que vale é que as palavras do Fernando Andrade e do Carlos Viana me convenceram pois vindo de quem vieram só podem se verdadeiras. Obrigada!

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