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segunda-feira, 30 de outubro de 2006
2ª feira, 30 de Outubro de 2006
Estão a ver essas calças aí em cima? Eu já coube dentro delas. E não foi assim há muito tempo…
Hoje, não sobem mais que meio da coxa… Se as calças encolheram? Não, eu é que aumentei de tamanho. Não, não cresci, engordei.
E hoje fiz uma coisa que já não fazia há imenso tempo: pesar-me. E fiquei horrorizada como facilmente acontece a 95% da população feminina.
Mas é que eu andei a ter (ainda ando) cuidados alimentares com o intuito de que essa atitude inteligente e saudável me ajudasse a perder peso. Em simultâneo, bem ou mal, andei a treinar para a Maratona, o que sempre significa umas boas horas a transpirar. E …agora, depois de me andar a conter para não comer uma Bola de Berlim cheia de creme há séculos, subo para a balança e… 59,200 Kg ?!
Bem, de facto perdi peso. Quando me atirei para esta loucura da Maratona o meu peso oscilava entre os 64 e os 65 kg, mas ainda assim, acho que já deveria pesar menos. Estou um bocado decepcionada com o peso e o corpo que ainda não entra nas calças em questão. Mas os tempos eram outros, o peso outro, as marcas nas provas outras bem diferentes das de hoje.
Podia dizer que não há nada a fazer, e resignar-me à situação num conforto tentador mas destrutivo, mas há! Quase sempre há alguma coisa a fazer.
Hoje, fui treinar ao final do dia: 41 min de corrida contínua a ritmo médio. Depois do treino senti-me tão bem que quase me senti mais magra.
domingo, 29 de outubro de 2006
Domingo, 29 de Outubro de 2006
O DEPOIS DA MARATONA
Acabaram as pipocas? O filme está prestes a recomeçar! Estão acordados? Retomem os vossos lugares.
Depois da Maratona do Porto, estive parada 5 dias, no sábado fiz 1h23m de corrida contínua lenta; no dia seguinte estou com uma dor intensa no pé (remanescentes da calçada tradicional do Porto) e volto a parar até 5ª feira, dia 26 Outubro, altura em que já me sinto melhor e faço 1 hr de corrida contínua.
Hoje, tenho a Meia Maratona do Algarve.
E hoje estou na Lua! Sim, porque não são apenas orgasmos bombásticos e o facto de pensarmos que somos correspondidos quando apaixonados, que nos deixam assim.
Passo a explicar: 5ª feira passada fui “dispensada” do Clube Sargento da Armada, porque desobedeci a uma ordem, e as ordens são para cumprir! Não fosse aquilo um clube de militares onde afinal impera mesmo o militarismo. Suspeitava-se que a 1ª prova do Troféu de Almada pudesse ser a 29 Outubro. A cinco dias de não se saber sequer se ia haver Troféu (era outra suspeita) , e se houvesse não se sabia se seria nesse dia, sou informada que ia mesmo haver troféu e ia mesmo ser a 1ª prova hoje, 29 Outubro.
Naturalmente eu desobedeci à ordem que era: “temos de nos manter disponíveis!”, quais tropas em tempo de guerra, quando a certeza era a incerteza em duplicado! Inscrevi-me na Meia do Algarve a 6 dias da prova, e logicamente quando o clube me informa da realização da 1ª prova do troféu, eu já estou inscrita no Algarve. Azar! Começo mal. A faltar a uma prova.
Azar maior (para quem?) é quando recebo em mão a carta com a dispensa/expulsão. E pronto, a partir de hoje não vou ouvir mais durante as provas pelo país inteiro: “Olha a Armada anda aqui; Cuidado com a Marinha; atenção que vai aqui uma Sargenta!).
Hoje, ao troféu faltaram imensos ex-colegas de equipa. Fico a pensar: irá o Clube Sargento Armada expulsar os seus atletas sempre que um deles se inscreva noutra prova quando até 5 dias antes não se sabe se vai haver prova do troféu? Correm o risco de ficar com 2 ou 3 atletas apenas, mas são políticas.
Já passei à frente! Porta fechada aqui, porta aberta ali!
Corri pela Espiral Run, que isto acaba-se um contrato aqui, começa-se ali! Não fosse eu uma atleta tão valiosa e requisitada.
E assim foi a Meia: 1h53m38s (O meu cronómetro é que vale!!!) Feliz, contente e alegre.
Começo a prova com a Lénia Gamito que ficou pelos 10km, e com o António Pinho, que acabou por ficar para trás.
Estava bem, mandei-me para a frente, e aos 13 estava um bocado rota. Faltou-me o meu amigo António Pereira para me conter o ritmo inicial e não me deixar ter estas quebras…
Cruzo-me com o meu amor e ouço: “Vais bem, mantém, tens poucas mulheres à frente, Querida!”
Ele, o “querida” não o disse, mas deve ter pensado, pois eu ouvi-o nitidamente e aquilo deu-me animo. Ainda ultrapasso mais uma atleta e venho a saber no final que o meu esforço valeu o 2º lugar no escalão (Vet. I - F) e o respectivo prémio de EUR 200,00!
Claro que a 1ª do escalão fez 1h35m e eu apenas tive a sorte de não estar presente mais ninguém.
Mas esforcei-me e o meu esforço foi bastante recompensado, pois para além do lugar e do prémio, tirei nem mais nem menos que 9 a 10 minutos às últimas meias que andava a fazer! E isto 15 dias depois da Maratona, é excelente! Absolutamente excelente!
O pé? Está lixado o pé! A calçada que tivemos de correr em Monte Gordo não ajudou nada… Mas a cabeça? Está excelente! Nas nuvens! Com a Timmy (amiga da Lénia), 4ª sénior com 1h31m, a Lénia e eu
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Já não falta nada para nada
Acabei a viagem que foi a 3ª edição da Maratona do Porto.
Hoje encontro-me sem destino. Mais do que de correr (ainda não corri desde a Maratona ) senti a falta de escrever.
E em vez de ir comentar nos “Comentários” dos que me dedicarem algum do seu tempo, a ler-me e “acompanhar-me” ao longo destes meses, e agora a felicitar-me, resolvi escrever tudo aqui, em primeiro plano:
Agradeço a todos, o tempo que alguns possam considerar perdido a ler-me, e a deixar-me comentários que por vezes foram cruciais e decisivos para a direcção que a viagem/história tomou. É que tudo é importante. Por vezes gestos tão simples podem mudar o curso de uma vida, só porque chegaram no momento exacto em que precisávamos deles. Alguns comentários tiveram esse poder. Aliás todos! Pois mesmo os negativos (que os houve para quem não tiver memória curta) tiveram também papel preponderante na minha atitude. Deram-me mais força! Para continuar a lutar. Para continuar a acreditar e para continuar a ser eu. Cada vez com mais força. Até a esses eu agradeço.
Hoje quero destacar alguns “comentadores”, mas não deixo de modo nenhum de valorizar os que não vou mencionar .
Assim, começo pela Helena(este ano) e Tatiana(ano passado) - do Núcleo de Psicologia do Desporto e da Actividade Física, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, que no terreno me ajudaram (e de que maneira!), na véspera e no dia da Maratona! Para além disso agradeço a sua visita a este humilde espaço, e as suas palavras, que me tocam, principalmente quando estamos frágeis e as lágrimas parecem querer sair por qualquer coisinha; Para elas o meu sentido agradecimento e o sincero desejo de muitas felicidades para a vida, em todos os campos. Do que vi e senti, merecem! Tudo de bom para vocês e quem sabe até para o ano;
Não significando a ordem, a importância, pois é-me muito difícil ordenar, mas também não preciso, segue-se o António Pinho, que ao longo de já mais de um ano me tem seguido, de fórum para fórum, de fórum para blog, sempre ali, presente com palavras curtas mas valiosas. Obrigada António Pinho;
Carlos Viana Rodrigues, uma das pessoas mais íntegras, sensatas e coerentes, que soube sempre manter uma posição que muito admiro; obrigada Carlos! Do coração!
Joaquim Margarido! Tomou a sua posição, também íntegra e coerente, assim como o João Hébil. Para eles o meu obrigada.
Fernando Sousa, que debaixo de severas intempéries se manteve ao meu lado, quase até ao fim! Obrigada Fernando.
Álvaro Costa, que de uma forma mais real que virtual sempre esteve ao meu lado! Obrigada Álvaro.
Zen! Obrigada também. Foste importante!
Fernando Andrade, muitas vezes na sombra, só surgindo em causas dramáticas, em geral também senti o seu apoio. Obrigada Fernando
José Carlos Jorge, que afinal parece que me vem seguindo em silêncio mas que agora para o fim, mostrou-se à luz, incentivando-me! Obrigada José Carlos.
Aos que não conheço pessoalmente:
Lénia Gamito, recente nestas lides, deu-me também alguma força com as suas palavras. Obrigada Lénia.
Tartaruga! Um ser especial! Obrigada!
Aos que não conheço de todo:
Carlos Manta Oliveira, que me felicita hoje. Obrigada. Servir de inspiração a alguém para correr, é um valioso elogio. Serve para alguma coisa esta minha vida…(de corrida e de blog)
Ao José C. que gritou em plena maratona “Força Maria Sem Frio” – obrigada, aquilo demonstra que afinal tinha muito mais gente a “acompanhar-me” e a torcer por mim do que imaginava.
Ao Sálvio Nora que já não me pode ouvir, mas que esteve comigo neste Maratona sem sombra de dúvida. Obrigada Amigo, estejas lá onde estiveres.
E agradeço a todos os anónimos, a todos que me apoiaram, sem dar nas vistas e sem alarido. Uns sei quem são, e eles também sabem, outros continuarão na sombra.
O meu querido pai, que está sempre comigo. A minha filha que me alenta para eu continuar viva. A minha mãe que me facilita muitas vezes a logística dos treinos e das provas.
E por fim, mas não menos importante, o Eduardo Santos, que quer pela negativa (passado recentíssimo) quer pelo presente, muito me ajudou a chegar onde cheguei. A força que me deu para continuar (de forma involuntária ), e agora quando logísticamente me tornou possível treinar. Sem ele não teria conseguido. Obrigada Eduardo.
Isto parece uma carta de despedida. Não o é. Mas por ora apetece-me fechar o pano, correr as cortinas, fechar a porta. O espectáculo acabou. Ou antes, estamos no intervalo. Vão comprar pipocas enquanto eu não volto. Não vou demorar muito, que eu sei, pois preciso disto… O meu obrigada a todos e até breve
domingo, 15 de outubro de 2006
Uma Maratona Feliz
Domingo, 15 de Outubro de 2006
Falta um ano para a 4ª edição da Maratona do Porto, pois a deste ano já está feita! E que bem feita…
Talvez pela mentalização da véspera, a frase “Dosear o esforço, gerir o esforço” tornou-se a palavra chave que me acompanhou durante os 42.195 m. E também: as razões porque estou aqui são as mais válidas que existem, são fortes como pilares, por isso eu cá estou e vou fazer a Maratona!
Parti sem grandes expectativas (apenas a pequena de conseguir fazer a maratona sem o sofrimento do ano passado e de alguns treinos que fiz aquando da preparação desta.
O Álvaro partiu comigo assim como o António (afinal partimos todos juntos não é?). O Luís Miguel estava perto mas depressa avançou e o Álvaro fica connosco. Vamos bem. A minha conversa na véspera com a Helena do Núcleo de Psicologia do Desporto e da Actividade Física, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, estava muito presente na minha cabeça pois tirei dela (da conversa) valiosas ajudas práticas para a minha atitude face à distância e aos assaltos de pensamentos menos bons, e consequentemente teve uma importância vital no meu estado de espírito e desempenho. Estou-te muito agradecida Helena!
Corro lento, sempre a “Dosear o esforço, gerir o esforço”. Quero ir a um ritmo que seja suposto aguentar até ao infinito! E lá vamos nós, umas larachas cá para fora, para animarmos o parceiro e a nós próprios e cá dentro, bem forte: “Dosear o esforço, gerir o esforço – vou aguentar até ao fim!”
Vou Feliz! (foto de Fernando Costa)
Passamos à meia com 2h03m pelo que a manter o ritmo daria 4h06m.
Era lento é verdade, muito lento, mas eu comportei-me à altura. Mais uma vez obrigada Helena pela mentalização: abstrair-me do cronómetro, usufruir do percurso e do ambiente (tudo espectacular) e a razão, a razão porque estou ali, vai levar-me até ao fim!
Um companheiro do Porto (dorsal 416) acabou por nos acompanhar durante grande parte da prova. Um ou outro eram companheiros de ocasião durante alguns quilómetros.
Entretanto o Álvaro tinha também ficado para trás. Não insisti. Cada um tem de ir no seu próprio ritmo. Não se brinca numa maratona. Erros desses, tipo acompanhar “A”, “B” ou “C” durante uns minutos acaba por nos ir ser cobrado e bem mais à frente. Cada um por si!
- António, eu ignoro que tu aí vais, quando quiseres ir para a frente vais, ok?
O António acabou por me acompanhar do princípio ao fim! A par da vida, numa corrida os amigos e parceiros são sempre de ocasião, salvo raras excepções. O António foi a excepção naquela maratona (assim como eu o fui para ele). A partir talvez do quilómetro 32 ou 34 ficamos só os dois (o nosso companheiro de ocasião – dorsal 416) fica com caimbras e abranda. Nós seguimos.
Muito apoio do público e de amigos e conhecidos e até desconhecidos, em prova!
A caminho da Afurada, ao cruzarmo-nos com os atletas que já vinham para cá, ouço:
- Força Maria Sem Frio!!!!!
Nem vi quem era e mesmo se visse, provavelmente não conheceria… é no que dá ter um blog e ser eu, como sou, com as melhores virtudes e os piores defeitos, que ainda assim levaram a que muita gente me acompanhasse nesta viagem até à Maratona do Porto. Ilusoriamente acompanhada durante a minha preparação, mas realmente muito feliz na prova, pois efectivamente senti-me acarinhada e muito apoiada. Por gente! De carne e osso!
Ao passar o Km 28 uma ténue nuvem negra passou por cima de mim, mas ia alta, e isto foi só porque foi nesse km que no ano passado se me acabaram as energias (vulgo Berro ou Estoiro), mas este ano não, esse pensamento não passou de uma triste memória que depressa atiro para trás das costas, e continuo a dosear o esforço, gerir o esforço.
Muita gente ausente esteve presente no meu pensamento. Esses, só por ter a certeza que me estimam e me querem bem, estiveram comigo ao longo da prova, e muito me ajudaram também a conseguir. Levei-os comigo e olhando o céu, estavam todos lá, a ajudar-me! E eu consegui!
Por esta altura, simplesmente por irmos mantendo o ritmo ou aumentando-o um ínfimo que fosse, fomos alcançando atletas que estavam já a abrandar e facilmente se deixaram apanhar. A competição é sempre connosco, mas… se puder passar alguém, ai que não escapa não! E assim lá fomos avançando com optimismo e força nas pernas.
Tudo muito bem até ao km 36 ou 37, onde pela primeira vez (em 4 maratonas) me deparei com “O Muro”, esse monstro de betão tanto falado! É que nas anteriores estava muito melhor preparada e com muitos mais quilómetros nas pernas. No ano passado estoirei aos 28 por autêntico Estoiro de quem não soube “dosear o esforço, gerir o esforço”. Este ano doseei e geri muito bem o esforço, mas faltavam-me treinos longos, pelo que obviamente me deparei com aquela parede de tijolos!
Mais força Ana, mais força! As pernas são já autónomas e eu só tenho de lhes dar toda a força que ainda tenho. Porque estou aqui! Porque quero estar aqui! Vou fazer esta Maratona! Os passos vão-se sucedendo e pelo Km 39, 40 estava o muro ultrapassado!
Mais amigos e vozes amigas! Estou melhor! Agora é ir para a meta! Conseguimos António, conseguimos!
Aquela subidazinha custa, mas faz-se! Com força e vontade faz-se, até ao fim de mais de 40 km!
Chego à meta. Esperam-me amigos e os meus companheiros da vida, aqueles que estão sempre ao meu lado: o meu pai e a minha filha! A Helena está lá também! Fala comigo! Um amor de rapariga, e a ver pelo seu empenho e interesse irá longe no plano profissional. Continua assim miúda!!!
Acabamos com 4h04m58s! No meu cronómetro, que para mim esse é que vale!
a poucos metros da meta (foto de António Melro)
Verifica-se pois uma prova muito homogénea. Um ritmo praticamente constante, um nadinha de nada menos lento na 2ª meia! Foi a minha pior marca na Maratona (estava em 4h04m35s em paris 2001 – a minha primeira), mas isto não tem importância. Fiz o que me propus. Acabei a Maratona no tempo possível para a preparação física que tenho de momento. Melhor seria impossível.
Há dias dizia: “Se fosse só corpo diria que faria a maratona em 4h10m (ou talvez menos) sem dificuldade de maior.”
Hoje digo: “Se fosse só mente diria que poderia ter feito a maratona em 3h50m ou menos” – mas somos um todo, e embora a parte psicológica estivesse excelente, o corpo não tem a preparação física necessária para baixar das 4 horas.
E foi assim que acabou a história da Maria Sem Frio Nem Casa e da 3ª Maratona do Porto…
Deixo-vos com os The Doors (as portas) que se fecham mas também se abrem. E a vida está cheia de portas:
The Crystal Ship
Before you slip into unconsciousness
I'd like to have another kiss
Another flashing chance at bliss
Another kiss
Another kiss
…/…
Como eu gostaria de ter alguém que me disseste isto antes de eu partir…
NOTA: mais fotos desta minha aventura que foi a 3ª Maratona do Porto no meu album de fotos:
http://www.pbase.com/mariasemfrionemcasa/galleries
sábado, 14 de outubro de 2006
Faltam apenas dez horas para a Maratona do Porto
A viagem para o Porto, a chegada ao hotel, a visita à feira, o levantamento dos dorsais, o rever amigos e conhecidos. Muito agradável. Sempre. Uma lição de Orientação, dada de forma absolutamente apaixonada pela modalidade, pelo Fernando Costa (foto de José Moutinho - obrigada)
Tem a Maratona do Porto um stand na feira de Apoio Psicológico ao Corredor. Um serviço disponibilizado aos atletas, que eu considero muito interessante. Jovens do Núcleo de Psicologia do Desporto e da Actividade Física, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, muito empenhados no que fazem avaliam o resultado de um pequeno questionário que os atletas preenchem e falam connosco numa atitude que nos leva a rever e perceber o porquê de estarmos ali, os nossos objectivos, a nossa motivação, a auto-confiança, o apoio social e a ansiedade, e o que e como poderemos fazer para ultrapassar obstáculos que nos possam dificultar a prova.
O mais curioso é que se lembravam de mim! Como é possível? Recordo-me de facto do extraordinário empenho e dedicação da jovem que falou comigo no ano passado, Tatiana, que este ano está no México, disse a colega que conversou comigo hoje, Helena, uma jovem bonita de olhar meigo e expressivo e que foi igualmente extraordinária na forma de abordagem, pois no ano passado, durante a prova, não é que a Tatiana lá estava em vários pontos a puxar por mim, e no final voltou a falar comigo? Achei extraordinário!
No ano passado eu estava num estado totalmente oposto ao deste ano. Estava optimista, nervosa, ansiosa, agitada, animada, motivada, com objectivos específicos (melhorar a marca que se situa ainda nas 3h49m), e este ano estou… tudo o que é oposto ao anterior, o que pode não ser totalmente negativo.
Passo a explicar: se nada espero porque estou desanimada e desmotivada, estou também pela primeira razão, serena e calma. Sendo o único ponto positivo ainda uma boa dose de auto-confiança – sei porque aqui estou e sei que sou capaz - (é o que me safa….a ver vamos), posso utilizar essa calma e serenidade como um trampolim para me ajudar a fazer a prova.
Tentar desligar-me do cronómetro e usufruir do percurso e do ambiente. Serei capaz?
No questionário à pergunta “Quanto tempo pensa fazer?”, respondi 4h12m, mas acho que foi mais um desejo do que aquilo que realmente penso. É que quase tudo pode acontecer: correr tudo muito bem e fazer 4 horas, ou o caldo entornar-se e bem, e acabar literalmente a rastejar com o tempo perto das cinco horas.
Para o “caldo se entornar” o que é preciso? Que me arme em parva e ande a abrir nos primeiros quilómetros para rebentar a qualquer momento, num estoiro monumental e gatinhar até à meta a chorar por dentro e por fora.
Que fazer para evitar isso? Dosear o esforço, gerir o esforço. Dosear o esforço, gerir o esforço. Dosear o esforço, gerir o esforço. Dosear o esforço, gerir o esforço. Dosear o esforço, gerir o esforço. Dosear o esforço, gerir o esforço…
Vou dormir… Até amanhã
quinta-feira, 12 de outubro de 2006
5ª feira, 12 de Outubro de 2006
Faltam 3 diazinhos para a Maratona do Porto
Lá fora fez sol, cá dentro continua escuro
Lá fora é dia, cá dentro uma névoa cobre tudo
Lá fora já há estrelas quando anoitece de novo
Cá dentro o céu continua sem estrelas
Lá fora já não chove, cá dentro as lágrimas existem sem se soltar
Lá fora, corri 52 minutos em ritmo lento, cá dentro estive parada
Lá fora tive companhia para correr, cá dentro continuo sozinha acompanhada.
Não é justo nem merecido para ele. Fez-me tudo. Tratou-me da filha, do jantar (que ele levou), lavou a louça e limpou a cozinha, enquanto eu adormeci sobre a mesa, repousando o corpo e o vinho inebriante, que anestesia, fazendo-me caminhar propositadamente para uma inconsciência consciente, absolutamente provocada e intencional, e até me colocou a mão na testa para me ajudar a suportar o peso da cabeça (e outras coisas que pesam bem mais, mas que não são o que estão a pensar) enquanto me desfaço do jantar inteiro para a sanita, num vómito que funciona como purga, acto de limpeza, como se junto com a comida pudesse me expulsar a mim própria, limpar-me, esvaziar-me até não ter nada cá dentro e fazer-me renascer de novo, criar-me, construir-me…um ser novo…
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
Faltam já e apenas 4 dias para a Maratona do Porto
Fora e Dentro
Lá fora escurece rápido. Aqui dentro escurece rápido também.
Lá fora chove. Aqui dentro chove também.
Lá fora está frio. Aqui dentro está frio também.
Lá fora já a noite caiu sem estrelas. Aqui dentro é noite sem estrelas também.
Lá fora estou só. Aqui dentro só estou.
Lá fora não corri. Aqui dentro também não corri.
Lá fora parei. Aqui dentro paro.
Lá fora morri. Aqui dentro morro também.
Resta-me esperar que amanhã nasça o dia. E que aqui dentro o dia nasça também.
Que o sol brilhe lá fora. E que aqui dentro brilhe o sol também.
Que eu corra lá fora. E que corra cá dentro também.
Sem força, por agora, resta-me esperar com a resignação própria dos derrotados, que sabem que serão sempre degolados e queimados vivos, dêm lá as voltas que derem... (não, é claro que não estou a falar da Maratona), e assim será por uma simples e cobarde razão: deixarem de ser eles próprios... incapazes de alterar o rumo do seu barco mesmo que seja evidente que este se precipita contra a ravina fatal...
Gritos de ajuda. Socorro... Ninguém me ouve. As pessoas passam indiferentes e alheias na rua, distraídas a ver as montras e incomodadas pelos moribundos estendidos no chão no meio de excrementos e sangue e urina, tudo fresco como nos melhores hipermercados onde as famílias passam os domingos.
sábado, 7 de outubro de 2006
Domingo, 8 de Outubro de 2006
Faltam só só 7 dias para a Maratona do Porto
Depois de Ovar, não corri nem 6ª feira nem sábado. Corri hoje.
Depois de um dia na horizontal (não, não foi a fazer aquilo em que estão a pensar, mas também não vos vou dizer a fazer o quê ou porquê), lá saí da cama ao fim da tarde e fui com o Eduardo Santos até ao Estádio Universitário de Lisboa.
E perto das cinco e meia lá começamos o treino. 2 horas de corrida contínua, lenta é certo, mas menos lento para o final o que significa que me ia a sentir bem, bastante bem.
Bastante bem para 2 horas, o que deve equivaler a qualquer coisa muito perto da meia maratona apenas.
Daqui a uma semana, depois deste “treino” teria outro de igual distância para fazer. Como reagirá o corpo e a mente? A resposta é: “não sei”.
Que tempo espero fazer? A resposta deve situar-se entre as 4 e as 4h20m. A tolerância é -2 a + 40 minutos. Dentro desta tolerância tudo pode acontecer.
O treino de hoje foi bom. E quando digo bom em termos físicos (que deve ser no que a maioria pensa, em músculos, respiração e força), consequentemente é excelente em termos psicológicos e eu funciono muito em função dessa parte, da psicológica. Se estiver bem psicologicamente a resposta à pergunta anterior pode ficar bem perto do valor mínimo, mas se antes ou durante o percurso a mente falhar e entrar por onde deve, o que é fácil acontecer durante 42,195 km, então até talvez seja ultrapassado o valor máximo da tolerância. Se fosse só corpo diria que faria a maratona em 4h10m (ou talvez menos) sem dificuldade de maior.
Mas como vocês sabem, para além do corpo, há muitos outros factores que nos influenciam numa prova.
Vou-vos fazer uma confissão: Estou “morta” que isto acabe. Maratona não será tão depressa, mas novos objectivos começam a nascer. É porque parar … é morrer, e eu apesar de por vezes parecer… não quero morrer!
Reparem na t-shirt molhada (na minha é claro!!)! É mesmo suor, não me mandaram um balde de água pela cabeça abaixo, nem fiz xixi nas calças! Agora reparem no Eduardo! Pobre Eduardo! Para correr à minha velocidade tem de levar 2 t-shirts e é se quer suar um bocadinho.... obrigada Eduardo, só tu é que me aturas... mas eu mereço!!
quinta-feira, 5 de outubro de 2006
Faltam os mesmos 10 dias para a Maratona do Porto
Depois da Meia Maratona de manhã, fui tomar um bom banho, arranjei-me e fui para o 1º Encontro do Fórum Mundo da Corrida RunPorto.com.
A coisa, do ponto de vista objectivo esteve muito bem, e mais ainda se nos lembrarmos que foi o primeiro!
A organização do Encontro está toda de parabéns, tendo cada um a sua quota-parte de contributo sem a qual a coisa não seria possível.
Muito positivo, deu para o sério e para o simples(?) e salutar convívio entre amigos, e novos amigos que se descobrem.
Pois o que quero contar aqui é a minha experiência, única e inigualável como a dos demais certamente.
Sem ter tomado qualquer tipo de droga, acho que passei para uma estranha dimensão qualquer. Claro que também houve momentos “normais”, de conversa fluida e agradável, onde ainda me fez recordar que existem homens e mulheres bons, de bom coração, puros, etc.
Bem, um facto é que raramente conhecemos as pessoas o suficiente para podermos afirmar tal leviandade. Parece que a melhor forma de estar na vida talvez seja mesmo conhecer o outro, mas apenas …até ali. Pois se passarmos para o mais íntimo e profundo de cada um, as probabilidades de desilusão (mediante o que nos foi já dado a parecer ser) são enormes.
Assim, redescobri que há homens com H grande. Não, não, não, isto nada tem a ver com sexo, pois se esse item é levado em consideração então é que o homem deixa de ser gente sequer, para ser uma autêntica besta ou verme rastejante!
Bem o que quero dizer é que até onde já conheço ou até onde conheci naquele dia pessoas novas (homens e mulheres) me fez ter de novo a esperança de que ainda vale a pena. Amizade, sinceridade, franqueza, lealdade, respeito, consideração, integridade, coerência, altruísmo, valores que muito considero e que talvez ainda existam. Só por isso foi bom. Levar-me de novo a ter esperança. No quê, hão-de perguntar. No ser humano.
Mas talvez essa sensação se deva somente porque fui apenas até à linha que não se deve ultrapassar dentro de cada ser. Mas assim as coisas estão bem. Conhecemos o suficiente de cada um. Mais para quê? Para descobrirmos os monstros que por aí andam? Já me chega os que conheço demasiadamente bem.
Bem, a viagem absolutamente alucinante que tive começou quando estava sentada na sanita ainda sem ter comido nada depois da prova, com a cabeça à roda entre os joelhos, sem saber muito bem se me resolvia a vomitar ou a defecar, e ouvir uma voz masculina (eu estava no wc das mulheres note-se) a reclamar com a mulher porque esta não lhe tinha trazido peúgas para trocar e isso parecia que teria sido tarefa a ela destinada pelo que o grave erro era de sua responsabilidade. Quando a coisa acalmou cá fora e lá dentro (já me sentia melhor) atrevi-me a sair e surpreendida pela presença ainda da senhora responsável do fatídico erro, só lhe consegui sorrir de forma simpática, o que foi de imediato retribuído.
Algum tempo depois, um marido fala animadamente sem parar sobre corrida, corrida, corrida, corrida, corrida, o que até estava a ser interessante para a maioria presente na mesa, mas mediante a resposta da esposa quando solicitada por um terceiro elemento para responder se ela também corria, ela só diz:
- Não, para ele correr…não posso correr eu. Há filhos, uma casa, uma vida extra corrida. Ele está sempre ausente. Alguém tem de estar presente para os filhos. A Mãe está!
O marido falador meteu a conversa no bolso e não mais se ouviu o resto da tarde.
Depois ainda alguém (que me acaba de conhecer) me acha com cara de boa ouvinte ou psicólogo barata, e vem para cima de mim descarregar um camião de problemas de uma vida inteira. Graves, bem graves por sinal. Por humanidade ouvi-o atentamente e disse as únicas palavras que poderia ter dito. Mas as coisas, quando são assim graves, não é com palmadinhas nas costas e palavrinhas amigas que se resolvem. Problemas do foro psicológico graves necessitam da intervenção de um profissional atento e interessado, o que nem sempre se tem a sorte de encontrar. Aquela longa conversa que efeito terá tido no indivíduo? Talvez nunca o venha a saber. Mas como há uma ínfima hipótese de o ter de alguma forma ajudado, não sinto que tenha perdido tempo. Daqui a uns tempos procurarei notícias.
E o filme acabou. Homenagearam-me como participante com algum relevo e importância no último ano no fórum, e recebi essa coisa aí abaixo. O que vale é que as palavras do Fernando Andrade e do Carlos Viana me convenceram pois vindo de quem vieram só podem se verdadeiras. Obrigada!
Mais fotos do dia no meu album de fotos: http://www.pbase.com/mariasemfrionemcasa/
Faltam somente 10 dias para a Maratona do Porto
Hoje foi a 18ª edição da Meia Maratona Cidade de Ovar
Estive lá. Tive um acolhimento e tratamento acima de cinco estrelas. Ao AFIS, nas pessoas do Joaquim Margarido e do Manuel Ramos, deposito todo o meu apreço e reconhecimento pela forma como me trataram.
O Joaquim Margarido, conhecimento mais recente, mas não menos rico, e o Manuel Ramos, conhecimento de vários anos, são duas pessoas que tenho em elevada consideração.
Às vezes há pessoas com as quais sentimos uma empatia fora do comum. Uma dessas pessoas é o Manuel Ramos. Corro o risco de todas as interpretações possíveis e imaginárias com esta frase, mas preciso de o dizer, este espaço é meu, e se o que pensam ou dizem de mim se sobrepusesse aquilo que sou e que acho importante continuar a ser e a dizer, já tinha desaparecido. E como podem constatar, não é o caso. Continuo viva e até me atrevo a dizer: Viva e recomenda-se!
Para ele todo o meu carinho especial, os meus parabéns sinceros pela 18ª Meia Maratona Cidade de Ovar, e os desejos de tudo lhe correr bem!
E pronto! Já disse!
Agora, eu e a Meia:
A marca foi uma porcaria. 1h59m03s. Corri na companhia do António, meu amigo e companheiro de treinos e de equipa. Começamos devagar para acabarmos devagar na mesma mas não tanto.
O tempo estava excelente, o percurso muito agradável, a partida ordeira , as ruas de Ovar acolheram-nos da forma habitual: calorosa! Sente-se carinho ali! É uma prova bonita, bem organizada, onde os atletas se sentem, e são, bem tratados!
No fim apanhamos o Fonseca Santos e a Célia Azenha. Acabamos juntos. Daqui a dez dias estaremos os quatro na Maratona do Porto. A certeza de hoje, a incógnita de amanhã. Nunca sabemos. Acabei contente e bem, apesar da marca…
segunda-feira, 2 de outubro de 2006
Faltam apenas e tão só 12 dias para a Maratona do Porto
Tenho pena que isto acabe. Mas a seguir a isto, mais virão. Assunto para me libertar nunca me há-de faltar.
Hoje, preparo-me para partir. Não treino desde 6ª feira passada e não se prevê que venha a treinar amanhã.
Depois, 5ª feira, dia 5 de Outubro vou fazer a 18ª edição da Meia Maratona Cidade de Ovar, prova pela qual nutro um especial carinho, por razões especiais mas que são só minhas.
Em Ovar, ainda a correr pela Palissy Galvani, Outubro 2002, época em que de forma enganosa e ingénua me julgava feliz, o que me faz questionar agora e sempre: somos felizes mesmo ou não passamos de tontos que pensam ser felizes, visto raramente estarmos na posse de todos os dados que compõem a realidade?
Assim, preparo-me já hoje para partir. Partir para Ovar. Malas à porta com o necessário se é que não me esqueci de nada. Só quando lá chegar descobrirei, se entretanto não me recordar de nada por ora esquecido.
Amanhã cedo, o despertador tocará pouco depois das 6. Um dia de trabalho me espera, e à noite, depois de preparar a filhota, dar-lhe jantar e “depositá-la” onde também a amam, vou pegar no meu pai e partirei para Ovar, onde espero dormir umas horas descansadas (não serão muitas de certeza) antes da prova.
Depois, haverá o Encontro do Fórum, que não perdia nem por nada, depois de tantos episódios, interessantes uns, escaldantes outros, cómicos outros, e felizes e infelizes também não faltaram.
Ao fim de um ano, quero ver ao vivo, no que isto deu. Como simples e anónima assistente, já que isto de participação activa, por razões conhecidas de uns e desconhecidas de outros, são águas passadas. Hoje, sou um mero utilizador, que como a palavra indica, utiliza o fórum.
Mas é capaz de ser interessante. No meio de uma centena de pessoas, haverá sempre alguém interessante para se conversar, aprender e conviver. Talvez assim seja.
Como um amigo me disse há bem pouco tempo: não devemos esperar muito das coisas e das pessoas, pois o risco de desilusão é elevado. Se pouco ou nada esperarmos, talvez sejámos positiva e agradavelmente surpreendidos.
Em termos gerais da vida, acho que é uma excelente filosofia de vida. Corremos o risco de não sermos agradavelmente surpreendidos mas seguramente evitamos uma pancada seca, protegendo-nos desta forma de uma tremenda desilusão.
2ª feira, 2 de Outubro de 2006
Faltam apenas 13 dias para a Maratona do Porto
Às vezes estamos tão perto e ninguém se apercebe. E por vezes nem nós próprios nos apercebemos e aí é que começa o perigo. Quando nós próprios não nos apercebemos de quão perto estamos. A facilidade de tornar tudo real, irreversível e irremediável. Essa facilidade assusta-me. Um único gesto necessário…
Não podemos acabar de vez com isto tudo? Eu sei que sim. Não procuro gritos a implorar para que fique. A vida é mesmo assim. Quem está está, quem foi, foi. A diferença é nenhuma. Mas uma única coisa aqui me prende. Só isso me impede de partir. Mas estou assustada.
A ponte tantas vezes atravessada. O uivo do vento e o silvo dos carros que passam e o balançar dos próprios ferros da ponte à noite. Um convite que a morte nos estende todos os dias e em todos os lugares. Eu queria só ser uma pessoa normal, como já soube ser. E feliz.
Leião, 1997
domingo, 1 de outubro de 2006
Domingo, 1 de Outubro de 2006
Faltam apenas 14 dias para a Maratona do Porto
Atropelamento
Há dias em que ao acordamos temos a nítida sensação que nos passou um camião por cima. Um TIR, com a carga máxima a ultrapassar várias toneladas.
Fomos tolhidos, esmagados e totalmente esborrachados. Ossos disformes, incluindo o crânio, e as entranhas escapam-se-nos pelos golpes profundos no ventre, tórax, membros e cabeça, e espalham-se agora pelo asfalto até voltarem a ser pisadas e repisadas por grossos pneus a alta velocidade, até se tornarem num tapete seco e original, totalmente paralelo à estrada, do qual já poucos automobilistas se desviam. Não terá já mais de poucos milímetros de espessura a esta hora. E dentro de dias, ninguém já vai notar o que ali se passou.
Levantarmo-nos? Como?