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domingo, 31 de dezembro de 2006

A 13ª edição da S.Silvestre Cidade do Porto - 30 de Dezembro de 2006


Sou! Felizarda, sortuda, abençoada, querida e desejada!

E foi assim a 13ª edição da S.Silvestre Cidade do Porto. Uma chuva miúda mas contínua dificultou a viagem dos aventureiros que no dia 30 de Dezembro de 2006 fizeram umas boas centenas de quilómetros para ao Porto se deslocar, dificultou também a preparação e montagem de tudo o que é necessário para receber perto de 5000 indivíduos e proporcionar-lhes todas as condições para caminhar e correr, e só a nós atletas abençoou.

Secretariado, tendas de apoio e de primeiros socorros, casas de banho, delimitação do percurso, postos de abastecimento, animação, pódio para entrega de prémios, local para retirar o chip e entregar prémios de presença, e isto só para enumerar alguns, foi preparado sob a tal chuva que pela hora da partida já nos tinha transformado a todos em verdadeiros pintos.

Chegamos cedo à zona de partida. Uma bonita árvore de Natal feita de luzes brinda-nos e faz-nos adivinhar o que nos espera: ruas calorosas apesar do frio e da chuva, com as decorações de Natal sobre as nossas cabeças e com público. Muito público que ainda sob a dita chuva não arredou pé e muito gritou por nós.

Dorsais levantados, encontros e reencontros, conversa que nunca fica em dia, despir que é hora, dar sacos a guardar e partir. Para o aquecimento. O meu pobre pai, que foi caminhar, de capa de plástico que só lhe deixava ver o nariz, lá ficou debaixo de uma varanda até à partida. Para que iria aquecer ele? Ao que eu o sujeito... Aqueci acompanhada e minutos antes ali estamos todos muito juntos sem nos tocarmos, verdadeira multidão aos saltinhos tentando cumprir a missão impossível de não arrefecer, com os dedos engelhados de tanto tempo já em contacto com o líquido vital à vida.

Partimos. Eu, que não corria desde o fim-de-semana anterior, quero ir com calma, mas há dentro do peito um frenesim que me eleva o espírito e com ele o corpo. Começa-se a subir e eu subo! Leve! Ouço os incentivos do público, e ouço outras vozes mais fortes na minha cabeça e ao meu lado recordo e vejo o amigo que correu comigo esta prova em 2004 (fizemo-la e terminamos juntos) e no ano passado (apenas uma pequena parte do percurso) e que jamais o voltará a fazer. Nostalgia… Não! Coragem! Se ele estivesse aqui… E lá onde ele estiver, eu sei que de alguma forma está comigo. Está comigo sem dúvida. E a chuva escorre-me por entre o cabelo curto e sinto-a correr em fios pelo rosto até alcançar a boca. O doce da água misturado com o salgado do suor. Levanto a cabeça ao céu e agradeço. Sou abençoada, uma felizarda. Sem dar conta estou no cimo da subida. Desce-se para o local da meta e eu voo! Livre como há muito não era! Repete-se a volta! Quebrar agora na subida? Nem pensem! Subi com a mesma energia. Forte, leve, segura.

As luzes de Natal, a chuva miúda sob a luz das iluminações, o meu rosto molhado assim como todo o corpo, o rapaz que chama o meu nome quando passo por ele: Carlos Soares. – Prazer em conhecer!
O Margarido que avisto à minha frente e acabou atrás de mim. Acho que houve momentos de alucinação, pois devo tê-lo passado sem o ver (deve ter sido da velocidade), ou estaria eu numa outra dimensão qualquer?

Acabo a prova mais que bem! Excepcionalmente bem! O tempo? Pois o tempo foi o que foi: 52m11s, mas o que é aqui de realçar é a forma como me senti: estupendamente bem! Forte, livre e solta.

Depois do banho (de água bem quente no hotel – não vão pensar que eu por ter gostado assim tanto dos chuveiros naturais, me sujeitasse a eles no fim da prova), um jantar magnífico entre amigos, e claro que não podia deixar de ser a tradicional Francesinha, mas desta feita num magnífico forno a lenha, para onde as víamos entrar e de onde as víamos sair a fumegar e a dirigirem-se para a nossa mesa. Foi tudo… estupendo!

E nessa noite eu fui. E eu sou! Felizarda, sortuda, abençoada, querida e desejada! E assim acabo o ano de 2006! Obrigada a todos!

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

O Natal. Passou. Como passam os carros, as aves, as pessoas e a vida. As prendas que se dão e que se recebem. Se trocam afinal. As prendas fáceis embrulhadas. As raras e preciosas sem papel nem laço mas estendendo-se pelo resto do ano. O que podemos dar? O fácil que a nossa carteira alcança e o raro que é dar-nos a nós próprios. Pedaços de nós que vão e regressam sempre mais ricos e fortes.

A viagem. Será a última viagem? Será a melhor prenda? Será? A estrada que te leva e por onde não voltarás? Ficarás lá ao pé dele? A olhar para e por mim, feito ave que és, em vida aprisionada e impossibilitada de voar? Voarás finalmente? Mesmo que para isso tenhas de me deixar? Aqui? Só? Nesta estrada por onde corro e onde já correste comigo mas que jamais voltarás a pisar?

Não posso deixar de chorar, uma morte anunciada, uma despedida silenciosa em que sabemos tu e eu que será a última vez. Uma saudade já sentida e a pressa de dar, de me dar, pois posso já não ter tempo! Quero que leves pedaços de mim. Talvez assim te sintas menos só, e eu mais acompanhada. A viagem... Iremos juntos mais uma vez, e voltaremos ainda. Eu sei. Mas até quando? Até quando?


A S.Silvestre do Porto espera-nos para mais uma viagem juntos, mais uma camisola ganha para te dar. E depois? Depois a quem darei as minhas camisolas?

Não tenho corrido, mas que importa isso? A tua vida acabou de entar no Inverno

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Domingo, 24 de Dezembro, Véspera de Natal

Um sussurrar na orelha, a respiração ofegante e o hálito quente e sensual no meu pescoço e cara. Uma voz a acordar-me para ir treinar? Os teus braços que me envolvem e o teu corpo encostado ao meu sobre os cobertores fazendo o peso certo? Delícias sonhadas. Quente. Sensual. Provocante. Um beijo? Uma lambidela?! Outra? Sonho? Pescoço lambuzado e … ai… que é isto?

-Ei!!!!!! Sandy!!!! Pára com isso!!!!! Como é que entraste?

O jovem cachorro à socapa entrou no quarto e debruçado sobre a cama está a tentar acordar-me lavando-me cara, orelhas e pescoço com a língua gigante e molhada, ao mesmo tempo que sacode a cauda vigorosamente batendo na mobília.


Não resisto. Como se de um amante se tratasse, não me posso zangar. Afago-lhe a cabeça, orelhas e abraço-o falando-lhe com meiguice:

- Seu maroto! Quem te deixou entrar?

E está mesmo na hora de levantar. Treino para fazer que logo é noite de consoada e convém minimizar a acumulação de calorias que se prevê ter consumo abundante.

45 minutos apenas que o vento e os carros que me servem de companhia só me empurram para trás. Estou mais pesada que sei lá! (suponho que os “Sei-Lá” são coisas pesadonas).

Combinaram lá no fórum que era Run Porto mas agora já não é, fazer-se um treino virtual, mas a malta se na realidade já é o que é, imaginem virtualmente! E eu que também sou malta, comecei tarde e acabei cedo. 45 minutos apenas. Pensei em todos os que correriam àquela hora, hipoteticamente “comigo”. E vi-me sozinha na estrada a levar com vento forte e veículos a mais de 100 à hora a pouco mais de um metro de mim. Foi uma caca o treino. Sempre que corro há alguém a correr também, disso tenho eu a certeza na imensidão deste planeta terra. Cruzo-me com um indivíduo já perto do final do meu treino e cumprimentamo-nos, sabendo-nos juntos nem que seja nesta coisa única: correr e enfrentar carros e vento e frio, que nós sim estamos perto e por pouco não tínhamos corrido verdadeiramente juntos.


Hoje, 2ª feira, 25 de Dezembro, dia de Natal: Descanso (salvo seja)

Abusos: Pão-de-ló, que adoro!

E já bem perto está a S.Silvestre do Porto com os seus 10 quilómetros e a sua subida repetida... E já só faltam 4 dias!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006



A azáfama. O histerismo. Uma agitação miudinha que nos irrequieta. Os desejos de boas festas. Ao homem do jornal, ao do café, aos colegas que nos aturam a maior parte do tempo útil das nossas vidas, aos familiares e amigos com quem há muito não falamos mas que não esquecemos. A pressa. Os presentes do coração e os de obrigação. Os sacos e os embrulhos e ainda os laços. Os amigos novos que cremos existirem algures. As chamas que se acendem baseadas nas esperanças que se renovam sempre que se avizinha um novo ano com novas ilusões e promessas, mesmo que sejam só e unicamente nossas. As comidas. Os hipermercados cheios e as compras, compras sem fim. E finalmente a paz de termos tudo feito, que chega quase sempre demasiado tarde. É Natal. É Natal.



Quero Paz. Ainda antes de mergulhar de novo mesmo no meio da confusão do Natal outra vez.

Esta noite é minha. Só minha.

Corri sozinha ao longo da Baía durante 1 hora. Contornei-a e voltei para trás. Corri depressa apesar de me sentir cansada. Fugia de qualquer coisa, fugia de mim. Ninguém ao longo da marginal para além dos automóveis. Estava frio, e o resultado foi 1h de corrida contínua de baixa a média intensidade (não, não foi abaixo de 4 min, talvez tenha tido períodos em que fui a 5, o que para mim neste momento significa exercício físico de baixa a puxar para média intensidade, mais ainda porque foi mantido durante 1 hora sem grandes oscilações!)


Agora... cansada, repouso e afundo a minha cabeça na cama de lençóis lavados que me abraçam e aconchegam na tua falta, inalando o teu aroma que só adivinho. Mas eu sei que um dia tu virás.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

"Está frio, não apetece treinar, só apetece comer e beber coisas quentinhas debaixo da manta, já não vale a pena correr, já não vou à S.Silvestre do Porto, desisto de tudo, estou a morrer de desespero e de tristeza no fundo do poço viscoso cheio de escorpiões e vermes, a vida é uma mer....., eh pá, que chatice, estou mais gorda, nunca mais treinei, ninguém gosta de mim, sou a menina mais feia e infeliz e solitária do mundo, buá, buá, etc., etc..."

Era isto que esperavam aqui ler? Pois lamento mas o espírito não é esse de todo! E até consigo rir de mim própria!

Pois fiquem sabendo que do primeiro parágrafo a única afirmação verdadeira é a que se refere a estar frio. Está frio. Está muito frio!

Mas apesar do frio, apetece correr! De fato de treino completo, gorro, luvas, e impermeável, lá vou eu pela estrada fora. Sinto-me quente, sinto-me bem, tão confortável como se estivesse nua no sofá debaixo de uma manta quentinha abraçada a alguém com quem tenha valido a pena fazer amor, ao calor da lareira.

Só há um pormenor que me atormenta um pouco. Ao regressar a casa e ao ver a minha imagem reflectida no vidro da porta do prédio, que vejo eu? Um boneco de neve com pezinhos. Sim, deve ter pezinhos este boneco de neve pois acabou de correr. Mas é assim que me sinto: um simpático, atafulhado de roupa e anafadinho boneco de neve.

Bem, que fiz eu desde domingo?

2ª feira 18 Dez: Descanso
3ª feira 19 Dez: 1h10m corrida contínua lenta (já não sei mais nenhuma)
4ª feira 20 Dez: 1h10m corrida contínua lenta (já não sei mais nenhuma)

Agora, o treino de hoje na floresta ao pormenor:

Não devíamos ter entrado na mata àquela hora. São quase cinco da tarde e o Inverno que começa não perdoa. São curtos os dias e longas e frias as noites.

Corro. Vai escurecendo. Tenho medo. Está escuro. Os latidos dos cães ao longe saem de um filme e entram em mim. É este o meu filme. Tenho medo e corro mais depressa. Mas estou cansada e não posso caminhar. Quero sair dali depressa. Ruídos. Pássaros procurando um leito para passar a noite. Eu. Sozinha. Concentro-me no solo que piso a cada passada. Marcas de outros ténis, pegadas de cães, lobos ou raposas e riscos profundos e misteriosos no solo desenhando estranhos símbolos, tentando transmitir-me mensagens de outros mundos.

- Porque me deixaste aqui? Tenho medo.
- Não tenhas medo, o homem das pinhas não vem atrás de nós. Eu já te apanho!

Olho para trás, e afinal os ruídos devem ser só das nossas próprias passadas e do impermeável que levo vestido.

As árvores protegem-me – penso – são minhas amigas pois sabem que eu jamais faria mal à floresta. Mas há assassinos escondidos aqui. Porque me deixaste aqui? Leva-me para casa, para a minha cama quente. Envolve-me nos teus braços e leva-me para fora daqui, amor. Não serás capaz de me amar de verdade uma vez que seja?

Respiro pela boca, ofegante, o céu-da-boca gelado. O caminho estreita-se com a escuridão e para sair dali as árvores deixam-nos apenas um túnel escuro e de piso acidentado, onde traiçoeiras as suas raízes saem da terra.

Ouço-me. A respiração, o coração a bater e o medo. Até ouço e cheiro o medo. Ouço-me respirar sobre todos os outros sons da floresta a adormecer para dar lugar a outras vidas e outros seres, com estranhos hábitos e que agora despertam. Espectros dançam já por entre as árvores mas curiosamente desses não tenho medo. Acariciam as árvores e passam por entre nós gemendo. Sofrem. Mesmo depois de se terem despojado da vida, continuam a sofrer, o que me leva a pensar que a morte nem sempre é melhor que a vida.

Sinto as costas no chão frio e a picar-me, e o peso dele sobre mim, impedindo-me de mexer, sobre a minha barriga e coxas obrigando-as a ceder e abrir. Vejo-lhe o brilho maléfico nos olhos e a boca a salivar. As suas mãos grosseiras esmagam-me os pulsos contra a caruma no chão e sinto-lhe o cheiro nauseabundo misturando com a terra. O negrume da noite cobre-me e as árvores agitam-se impotentes perante a dramática cena. E eu só posso gritar.

- Nããããããããããããaao!

- Ana acorda! Isto é só um treino!

É só um treino… é só um treino…é só um treino…

Digam lá que não pareço um autêntico boneco de neve?
Nota: Agradeço ao Eduardo Santos, pelas fotos, paciência para treinar a passo de caracol e disponibilidade. Nestas coisas, de ajudar e incentivar qualquer indivíduo para correr, é fantástico.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Eu sabia. Eu sabia que toda aquela súbita e aparentemente férrea vontade de ter tudo controlado ao milímetro ia dar buraco. Pois foi mesmo sol de pouca dura. E o ferro fundiu-se e lá se foi a força.

Tomar nota do que como? Contar até com um singelo amendoim ou somar as bolinhas de ervilha que como? Não! Não era coisa para durar. Por isso não vou dizer se comi um sonho ou se continuo só a sonhar com ele, ou ainda se o comi e o vomitei, ou se já deixei de sonhar. Agenda alimentar diária e em pormenor? Esquece lá isso…

Bem, nestes dias para além de andar também à fava no meio das urtigas, fiz outras coisas. Fiz o presépio, aquele que recria a passagem do nascimento do Menino Jesus Cristo, aquele que foi crucificado e apedrejado, porque representava uma séria ameaça. E nada como exterminar os que nos incomodam ou ameaçam fazer ruir as colunas sobre as quais o nosso traseiro assenta. É ainda hoje atitude corriqueira, nas mais vastas áreas do ser humano, desde o campo político, profissional até ao emocional, passando pelo social.

Ai quantos Cristos não andam por aí? Tão depressa na mó de cima, como na de baixo, esborrachados e espalmados. Felizmente já se perdeu o hábito de se crucificar as pessoas embora muitos outros maus-tratos não lhe fiquem mesmo nada atrás.

Bem, Natal à parte, reconfirmo o objectivo da perda de peso, embora ainda não tenha tido a coragem de saltar para a balança e asfixiá-la. Vou esperar mais uns dias e pode ser que ela resista e não se quebre em mil pedaços.

Tomei uma decisão: ir à S.Silvestre do Porto. Sim, eu que desde 15 de Outubro após a Maratona do Porto, e que praticamente nunca mais treinei, vou à S.Silvestre do Porto no dia 30 de Dezembro de 2006. 10 Quilómetros de prazer. Quanto mais durar melhor! Por isso há que ir devagar.





http://www.runporto.com/

E vão ver como se prepara a S.Silvestre do Porto em 15 dias! O quê? Nunca a correram? Pois olhem que ainda vão a tempo. Restam 13 dias ainda! Eu vou! E até lá aqui deixarei diariamente detalhes da evolução (ou não).

Entretanto, para alem de decidir, que já fiz? Treinei, pois claro!

6ª feira 15/12/06: 43 min
Sábado 16/12/06: 1h10m
Domingo 17/12/06: 1h10m

Como estou? Muitíssimo bem preparada para correr a S.Silvestre do Porto a passo de caracoleta com a casa às costas

Daqui a 13 dias como estarei: Muitíssimo bem preparada para correr a S.Silvestre do Porto a passo de caracoleta com uma casa mais pequena às costas

terça-feira, 5 de dezembro de 2006


Hoje mandei quase tudo às favas! Treinos, dietas e outras coisas mais. Até o blog esteve quase a ter o mesmo destino.

Se preferirem, ou para uma melhor compreensão (se tal for possível) posso dizer de outra forma:

Hoje mandei quase tudo às urtigas! Treinos, dietas e outras coisas mais. Até o blog esteve quase a ter o mesmo destino.


É que anda a bailar-me na cabeça uma frase de Florbela Espanca: "Viver é não saber que se vive", e está-me mesmo a apetecer deixar de saber que vivo, para então sim, viver de verdade.

Talvez (existem grandes probabilidades) o blog seja uma tentativa de dizer: eu vivo, quando no fundo não passa de um engano, pois "vive-se" quando "não se sabe que se vive". Talvez eu agora queira mesmo tentar deixar de saber que vivo, e talvez dessa forma comece mesmo a viver... Talvez... como quase tudo na vida... talvez...

Até não sei quando

nota: desculpa Lénia ter faltado ao treino. Espero que tenhas corrido, e corrido bem!

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

2ª feira, 4 de Dezembro de 2006

Releio o que escrevi domingo de manhã, e interrogo-me com a certeza da resposta se não estarei apenas e só mais uma vez a agarrar-me a algo que ilusória e temporariamente me levanta do chão. Falsos valores, falsos objectivos, falsa força. É tudo isso que eu sou. Uma falsidade, enquanto não deixar finalmente viver a minha essência. Mas como também disse ontem: que importa? Sabemos nós o tempo que cá estaremos? Hoje estou quase bem assim.

Não corri nem fiz qualquer outra espécie de exercício físico. Mas estou contente. Parece que contribui um pouco para o renascimento da Lénia. Amanhã irei treinar com ela. 40 minutos é o que está combinado. A experiência dos treinos virtuais vai ser posta em prática.

Hoje, acho que não almocei nem jantei. Limitei-me a comer quando tive fome, e o resultado foi fazer nada mais nada menos que seis refeições, mas tendo em conta que foram “espalhadas” por cerca de 16 horas, não me parece nada prejudicial para a saúde, bem pelo contrário.

O que ingeri:

- Chá de ervas (cavalinha, sene, hortelã-pimenta, funcho) (logo em jejum)

- 1 chávena café com leite magro + Bolachas água e sal + 1 café

- 1 iogurte natural magro + 1 ovo cozido + 1 maçã

- 1 Barra de proteínas

- 1 iogurte natural magro + Bolachas de água e sal + 1 café

- 1 Barra de Proteínas

- Leite magro + Cereais integrais




Olhando para a ementa, acho que faltaram verduras e frutas. Só uma saborosa maçã verde. Foi pouco, e legumes nem os vi. A carne e o peixe foram perfeitamente substituídos pelas barras de proteínas e pelo ovo. Hidratos de carbono foram obtidos principalmente a partir das bolachas e dos cereais. Lacticínios estiveram bem presentes. Água não faltou entre as muitas refeições. Em relação aos lípidos, creio que para uma pessoa no meu estado, a gordura escondida mas efectivamente contida nas bolachas de água e sal, foi mais que suficiente.

Daqui a nada, talvez já amanhã comece a falar em provas. São sempre um incentivo para se treinar, um objectivo para de degrau em degrau, domingo a domingo, ir correndo, e dessa forma sentir-me bem. E está aí o tempo das S.Silvestres.

Amanhã outro dia. Voltarei.

domingo, 3 de dezembro de 2006

Domingo, 3 de Dezembro de 2006

Depois de cair, há várias coisas a fazer, entre elas:

Levantarmo-nos e tentar aprender para que não se caia de novo pelos mesmos estúpidos motivos.

Hoje pesei-me, depois dos disparates alimentares e outros que tenho feito desde a Maratona do Porto.

Estou farta de chorar em seco. Vou recomeçar tudo de novo.

Eu sem correr, estou bem pior do que quando corro. Em todos os aspectos. Sem correr, falta-me o ar, falta-me vida, falta-me saúde. Sinto-me mal, pesada, enferrujada e doente.

Por isso só há uma coisa a fazer: Recomeçar!

Porque correr dá-me saúde, pois se há matéria escolar que não esqueci foi a definição de “Saúde” pela Organização Mundial de Saúde: "saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência da doença".

E a corrida dá-me tudo isso, mais que não seja temporariamente. E se me dá temporariamente, diz a lógica que se correr muitas vezes, terei saúde muitas vezes, e pode ser até que a consiga fazer perdurar no tempo em que não estou a correr.

- Por quanto tempo essa vontade? Até voltares a cair? - Perguntarão em tom irónico e trocista os já experientes leitores dos meus dramas e tragédias.

E eu responderei:

- E que importa isso? Sabemos nós o tempo que duramos? Só sabemos que nada é para sempre, com excepção da morte, fiel e constante aos que estão consigo, para sempre! Tudo o resto é passageiro. O que importa é hoje, e amanhã que está já ali. Toda a nossa vida futura não passa de uma projecção fictícia que fazemos para nós próprios e para os outros, mas não passa disso mesmo, uma película de imagens. Só o hoje é real, assim como o ontem, que originou o hoje, e por isso é inalterável. Mas se não podemos apagar e alterar o ontem, podemos fazer o hoje, mesmo que este não seja mais que o reflexo do outro.

E eu hoje pesei-me! 61 Kg!

E eu hoje corri! 1h03m de corrida contínua lenta (5'30" a 5'40"/Km)

Objectivos: os de sempre! Embora com algumas variantes:

Baixar de peso:

1ª meta: 57 a 58 Kg
2ª meta: 53 a 54 kg
3ª meta: 50 a 52 Kg

Depois da última meta alcançada, segue-se o mais difícil, mas que por ora é cedo para falar: manter o peso.

E continuar a correr e a escrever. E a viver (às vezes sou vencida e esqueço-me).

Passará o blog também a ser um Diário alimentar, para não poder esconder e fingir que não aconteceu cada recaída que tenha.

Hoje ingeri:

-1 chávena café com leite magro + Pão torrado com margarina anti-colestrol, pois já tive esse valor elevado e demonstro uma tendência para tal. Nada como prevenir.

- 1 chávena café com leite magro + 1 Barra de proteínas

- Água com sumo de limão (a seguir ao treino)

- 1 Iogurte natural meio-gordo + 1 “bom” prato com: pescada cozida + 1 ovo + batata + couve portuguesa; a temperar: azeite

- 1 chávena de chá de ervas (cavalinha, sene, hortelã-pimenta, funcho) (ao deitar)

Hoje o dia foi pequeno, pois levantei-me não muito cedo, logo o pequeno-almoço foi quase à hora de almoço, e depois, para ir treinar ao fim da tarde não podia almoçar grande coisa, por isso hoje foi assim. Amanhã será bem diferente com o despertador a tocar às 6h10m da manhã.

Nota: Estão expressamente proibidos de tentar fazer em casa o que se passa neste blog. O meu exemplo só para mim serve! Durante um mês certinho, virei aqui expor tudo o que como, e semanalmente o meu peso, e sempre, o treino ou outro exercício físico que exerça.

Daqui a um mês terei alcançado a 1ª meta? Acredito que sim. É uma perda de peso sensata: 3 a 4 kg em 4 semanas. É que o que me interessa é perder gordura mesmo, não massa muscular. Depois, mediante os resultados, reajustarei as metas seguintes. Problema: atravessar o Natal e o Fim de Ano, com os excessos a rondar-nos, e toda a gente a querer que eu coma. Resistirei?

E uma coisa vos garanto: não vou ficar doente, fraca ou anémica, e estarei a comer bem melhor do que quando esqueço os cuidados alimentares que todos devem seguir e como que nem um alarve. Nessas alturas, por incrível que pareça, sinto uma falta de energia imensa, só digna dos desfavorecidos, doentes e mal nutridos. Por isso, há que comer menos e melhor.

Até amanhã a esta hora

Por vezes caímos. Caímos porque não temos nada e porque temos tanto que não sabemos usar. Caímos afinal, porque não sabemos viver. Porque nos falta o que não temos, mas também porque nos sobeja o que não sabemos usar. Por isso caímos.

E depois levantamo-nos e deparamos com as mesmas faltas e com as mesmas abundâncias dadas como inúteis. Apenas com mais feridas para lamber e sarar. Apenas com mais dor e mais ódio e pena, de nós mesmos, pelo que desperdiçamos e que parece nunca virmos a saber usar. Estúpida inteligência esta...
Caímos porque estamos frágeis e vulneráveis. Porque nos falta o pão, o amor e a saúde. Porque nos falta uma festa no rosto, um afago nos cabelos, uma noite descansada ou a ilusão de sermos amados, ou ainda a certeza de sermos queridos. Porque nos falta paz e o amor próprio. A eminência do fundo do abismo, leva-nos a querer agarrar algo, e esse algo nem sempre é o melhor. É a mesma queda sem darmos conta. Para o fundo, para esse mesmo abismo. Sem retorno. O pior de tudo é que eu estou consciente. A consciência é uma grande chatice. A embriaguez salvar-me-ia desta racionalidade inútil. Estúpida inteligência esta...

Falta-me correr. Esta imobilidade não me faz bem. Talvez por isso mesmo a admita e a procure deliberadamente apenas mal disfarçada com desculpas esfarrapadas. A auto flagelação dá-me o que eu mereço. Por isso caio. Por isso levanto-me só para cair de novo. O prazer da dor. Há outra forma de viver?

Eu sei que há. Até eu, em tempos, vivi feliz…

E lá diz a canção para nos embalar e fazer-nos acreditar que é possível... ainda:

“Muda de vida
Se tu não vives satisfeito
Muda de vida
Estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida
Não deves viver contrafeito
Muda de vida
Se há vida em ti a latejar

Ver-te a sorrir, eu nunca te vi
E a cantar, eu nunca te ouvi
Será de ti ou pensas que tens
Que ser assim
…/…

Olha que a vida não,
Não é nem deve ser
Como um castigo que
Tu terás que viver
Olha que a vida não,
Não é nem deve ser
Como um castigo que
Tu terás que viver …/…”

Humanos