Não Fiz a 5ª MARATONA DO PORTOEstar na Maratona do Porto e não a correr é… é… é como comer rebuçado com papel, beijar sem amor, degustar imaginativo e carente. Carente do sal do suor, do pulsar do sangue, da garganta apertada, dos sorrisos, olhares e toques de mãos. Dos passos no asfalto, o olhar no rio, o transbordar em silêncio de um rio de emoções que nos jorra do peito em catadupas que se sucedem ao ritmo dos passos.
Este ano, não me consegui motivar o suficiente para demover montanhas e vales, diques e rios, e só dessa forma conseguir treinar e preparar uma maratona. Não o consegui de novo. E nem sequer corri os 14 Km, prova que decorria em simultâneo com a Maratona. E fiquei-me apenas pela participação na Caminhada. 6 Km com partida na cauda da avalanche vermelha constituída por milhares de pessoas que participaram na 5ª Maratona do Porto (no total das 3 provas).
Estive lá, mas um véu invisível, uma película transparente, deixou-me ver mas impediu-me de tocar e sentir. Ela, a Maratona estava lá, mas apenas 583 indivíduos a viveram e sentiram o seu próprio pulsar, sendo esse o número deles chegados à meta dela. 5h30m de corrida. 5h30m de vida de um Veterano 5.
Mostrou-se inacessível para mim ela. No dia 26 de Outubro de 2008. A 5ª Maratona do Porto. Com um número de participantes bastante interessante para uma Maratona em Portugal, mais ainda se considerarmos que é uma Maratona muito jovem (4 anos apenas), a 5ª Maratona do Porto veio confirmar o que se tinha suspeitado nas edições anteriores: veio para ficar e tem já um lugar no calendário nacional e promete ter no internacional.
Num percurso propício a boas marcas, salvaguardando o empedrado tradicional das ruas à beira Douro, esta Maratona detém o melhor tempo na Maratona em solo português. Atletas de elite e de pelotão são bem tratados. Desde a divulgação da prova, passando pela Feira, entrega de dorsais e sacos, e chegando ao dia e às classificações da prova, serão poucos os pontos a aprimorar.
Sem a correr, estive lá, bem perto e vivi-a com os olhos e o coração de quem me levou a correr, consigo, ao longo das margens do Douro. E não foram poucos, por isso posso sem erro escrever o que escrevo.
Destaco:
A Feira e a Pasta Party. Organizada, bonita e acolhedora ao mesmo tempo. Gabinete de Apoio Psicológico ao maratonista (ou aspirante a maratonista), e diversos outros stands. Um espaço muito agradável onde se fez a entrega dos dorsais e onde se podia comer um bom prato de massa;
Os muitos e bons abastecimentos ao longo dos 42195 metros, e negativamente, a sua escassez no final, consequência da inequívoca ganância dos próprios atletas (desengane-se quem pensa que este – mundo da corrida - é um mundo aparte, onde as pessoas são diferentes, amigas, solidárias, correctas, civilizadas, etc., pois não o são);
A beleza do percurso, a sua sinalização, marcação de Kms, controlo, a constante presença de atentas equipas médicas, assim como a segurança, com excepção de bicicletas que admito serem de muito difícil controlo;
A partida, com oferta de café quente, e guarda da roupa dos atletas, e a chegada, segura e digna de uma Maratona, até ao último chegado;
Resultados colocados no site da organização em poucas horas, assim como fotografias da prova;
Os prémios de presença, sobressaindo aos demais a garrafa de Vinho do Porto com o logótipo da Maratona, a camisola de corrida e o medalhão;
Massagem no final;
E por tudo isto que vi – passaram por mim todos os atletas chegados à meta e todos eles tiveram as minhas palmas, pois numa Maratona não há vencidos – é também a Runporto merecedora das minhas palmas! Pela magnífica Maratona que organizou - a 5ª MARATONA DO PORTO, que sem sombra de dúvida dignificou o nosso país e a cidade do Porto.