Corrida em montanha, com percurso maioritariamente em piso de terra e trilhos em plena Serra de Sintra, com distância anunciada de 11458 metros, e Caminhada em percurso idêntico.
Secretariado atencioso e regular entrega de dorsais.
Juntou a prova cerca de três centenas de participantes, que partiram de Janes em direcção à Serra para se embrenharem nela, usufruindo de magníficos cenários para a prática da Corrida em comunhão com a Natureza.
Percurso assinalado e quilómetros marcados.
Três abastecimentos de água.
Prémios de participação para finalistas da Corrida: T-shirt de algodão, pão com chouriço, sumo e água, e uma maçã.
Por classificação: prémios monetários, troféus e medalhões
A história contada da 19ª Corrida do Monge acabaria por aqui e aplaudiríamos de pé uma prova e uma organização exemplar se uma desatenção e descuro por parte da organização, aliado a uma coincidência e um azar, não tivesse causado um reboliço justificado e uma revolta gritante. Refiro-me a uma sinalização ineficiente, agravada e/ou provocada pela existência de marcações de uma outra prova de uma outra modalidade (BTT) a decorrer em simultâneo e em parte do percurso coincidente, que levou a que mais de metade dos atletas da Corrida se afastassem do percurso correcto, e se perdessem, retomando ou não o percurso correcto muitos quilómetros depois, tendo alguns corrido o dobro ou mesmo o triplo da distância anunciada e correcta, a ainda outros tendo sido recolhidos mais tarde por carros da organização. Os efeitos de uma ocorrência destas na classificação são tão graves quanto a importância da prova, não esqueçamos, a fazer parte do calendário do Circuito Nacional de Montanha. No local, a classificação foi anunciada e os prémios foram atribuídos, mas até este momento, as classificações não estão disponíveis e a dificuldade de um rigor e de uma verdade desportiva está patente e dificilmente se clarificará. Coisas que acontecem, dirão alguns, mas que tiveram consequências nefastas demasiado importantes para quem vai competir e repito, trata-se de uma prova do Circuito Nacional de Montanha. Foi lamentável e talvez fosse evitável, se a Corrida do Monge se tivesse assegurado que em todos os pontos de possível engano (pontos de viragem, cruzamentos e entroncamentos), as indicações fossem claras e inequívocas, mas inequivocamente... não foram. Situação a corrigir, o que acredito certamente a Organização fará na sua 20ª edição em 2012, não tivesse ela já dado mais que provas do que é capaz de fazer e fazer muito bem, como é o caso do Terras de Aventura, que tanto tem feito e dado à Corrida em Montanha.
"A Maria perdida na Serra de Sintra" ou "A Corrida dos Desaparecidos", ou ainda, mais seriamente "A Corrida do Monge da Maria", ou "A Corrida da Maria do Monge", ou ainda "A Maria egoísta"
Ora bem, meus caros, a Maria foi correr ao Monge pela 1ª vez. Gostou. Oh se gostou! Amou aquela serra, aquele verde, aqueles ramos a roçar-lhe a pele, aquele húmus macio que pisou, tudo!
O pai ficara cá em baixo, em Janes, à espera dela. Ela embrenhou-se pela serra adentro ainda sem saber que ia andar perdida. Logo no início, já numa subida em que à sua volta se caminhava, incluindo ela, ouve "há quem venha para aqui e depois vá para os blogues dizer que a prova é dura e tal..." - Sorriem-lhe e ela retribui retorquindo "pois...têm a mania que correm e tal, e depois é no que dá...". Mas de novo ganha forças e retoma o seu lento passo de corrida, afastando-se uns metros. Não se sente bem. Está pesada, respiração ofegante, acusando a já habitual falta de treinos. Não se sente bem... recorda-se para logo se arrepender, que não fez a depilação às pernas e que os calções mostram mais do que deviam, não tomou duche de manhã e sabe que já vai a feder a suor, o que ela detesta nos outros, pois a transpiração em si não cheira mal, mas sim a decomposição das bactérias que se acumulam na pele não lavada e nos tecidos das roupas, que às vezes mesmo lavados, parece que vão buscar o cheiro desagradável. Não se sente bem... Ora anda ora corre. Vai ficando isolada. Poucos atletas à sua frente que ela aviste e menos ainda atrás. Vai-se sentindo melhor. Cada vez melhor. Serra dentro. Engolida pelo verde. O som do silêncio interrompido pelas aves, pela sua respiração e pelos seus passos. O odor que agora lhe enche as narinas e os pulmões é o da floresta. Da vegetação molhada, do solo, da terra. Ela foi engolida, e já não importam os pêlos nas pernas deste mamífero que ela é, nem o seu próprio odor. Só importa a Serra, e ela diluída nela, sem saber ainda que estava perdida, mas afinal aquele é o caminho certo, ela sabe-o, e é ali que se sente bem, enquanto desce um trilho completamente sozinha, consigo e por e para si própria. É para isto que ela corre. Para se perder assim. Só bastante mais tarde, já emersa deste sonho, e corre em alcatrão, no entanto sempre ladeada de verde, e avista uns companheiros à frente parados e a esbracejar, é que se apercebe que estava fora do percurso da corrida há já algum tempo. De facto, a última indicação de quilómetros que vira, foi o 5º Km... e o seu relógio já marcava agora mais de 9... Algo não estava bem.
Entretanto outros companheiros a alcançam e todos discutem e ponderam a situação. Há os que conhecem, os que estão totalmente perdidos (ela) e os que "acham isto e acham aquilo". Ela diverte-se com aquilo. Já sabia que ia ter de correr mais de 11458 metros, a distância anunciada, e por incrível que pareça, essa ideia agrada-lhe. A manhã está boa para correr, a Serra de Sintra é um espectáculo e tem companhia. Por esta altura, quando o grupo já decidira seguir junto (6 atletas), depois de perguntarem a uns turistas que passavam de carro, e também a elementos de uma mesa de abastecimento da prova de BTT, são abordados por elementos da organização da Corrida do Monge que vinham num carro e é-lhes indicada a direcção certa, o que naquela altura significava o caminho mais curto para o local da meta. De novo no trilho certo. Avista-se a placa dos 10 Km, depois dos 11 e por fim a Meta, onde chega a marcar 15,230 Km e um tempo de 1h51m. Excelente! Pensa secretamente. Permitindo-se ser hoje egocêntrica, não está mesmo nada chateada com o engano. Apenas o lamenta por uma Oganização que apesar de ter falhado, não merece ser crucificada, não depois de já tanto ter feito pela modalidade, o que se parece esquecer num ápice quando algo não corre bem. Há que olhar por todas as perspectivas e se admitamos foi uma falha da organização, admitamos também que não lembrava ao diabo haver uma outra prova com uma boa parte do percurso coincidente...
O Pai, desta vez tirou poucas fotos. Columbófilo de uma vida, imaginou-se numa Corrida à espera dos pombos... que vão e... nem todos vêm... e os que vêm, vêm a conta-contas, perdidos nas serras e nos rios onde pararam para beber e descansar e ponderam não voltar. A filha foi e voltou.
2012, 20ª edição da Corrida do Monge... assim haja corrida e a Maria conta lá estar outra vez, pela 2ª vez na sua vida. De preferência para se "perder" de novo, e de novo se encontrar. É o que diz esta Maria egoísta, desta corrida que se esconjura hoje.
Até amanhã querido diário
Antes da Corrida, com amigos: António Pinho e Mário Lima:
No aquecimento com o Pinho:
A Partida:
Já durante a prova, numa das subidas, apanhada pelo José Carlos Melo:Meta cortada, contente e alegre ao lado do Pai: