Pesquisar neste blogue

domingo, 12 de abril de 2020

Do Covid-19 e do isolamento


Domingo de Páscoa

O meu pai chama-se Melro. Tem 83 anos e vive connosco desde Agosto passado. Ele a minha mãe, claro. Uma rasteira da vida, veio mudar o nosso rumo. De dois, passamos a quatro dentro desta casa. Cuido deles com a naturalidade com que sempre cuidaram de mim ao longo de meio século. Agora, é a minha vez. Este é o meu caminho. Mas confesso, depois de todas as necessárias adaptações, de espaço, de tempo, de rotinas, de tarefas, de mudanças dentro e fora de casa, dentro e fora de nós próprios, depois dos incidentes pelo meio que ainda me prometem um novo campo de batalha especialmente montado para mim, onde já sigo por campo minado, ateia rezando para nenhuma mina rebentar, não precisava disto. Desta ameaça invisível. Deste novo desafio dentro de outros. Não precisava. E o Melro, irrequieto como a ave, também não. Ver-se impedido de dar as suas voltinhas diárias, custa-lhe. A ele e a mim. E a todos nós, por certo. Ao contrário de muitos, da sua idade, e da minha e mais novos, tem uma compreensão irrepreensível da situação. E fica em casa! E em casa, ainda podemos tanto!  Hoje, companheiro de “treinos” inventados, como outrora de Corridas. Corridas…que saudades… Mas hoje, por hoje e pelo tempo que for necessário vamos fazer o que temos de fazer: Ficar em casa, é, de acordo com as nossas competências, a singela missão que nos foi atribuída nesta luta silenciosa aqui dentro. Eu, em teletrabalho, guardiã do castelo que sai apenas para o que tem de ser, e eles, “apenas” ficam em casa. E nesta Páscoa, estes coelhinhos ficaram na toca! Para que outras Páscoas diferentes sejam ainda possíveis! E tu? 






Sem comentários: